Um show feito para Nós

Por Reca Castilho

“A vida é feita de afinidades”, esta foi uma frase que sempre ouvi de um primo meu há mais de 7 anos e tem sido um ensinamento que tenho carregado para a vida, e assim é ser fã do Pedro Mariano, não é apenas ter a possibilidade de ouvir a voz do melhor intérprete da música brasileira, mas é também saber partilhar esta emoção, esta sensação, e conhecer pessoas com afinidades que tenham o mesmo desejos que o seu... E assim foi quando soube que o Pedro Mariano iria a Belo Horizonte...

Confesso que acompanhar de perto a carreira do Pedro e poder ir em todos os seus shows tem sido importante para mim, mas considero que a amizade que fiz com outros fãs me fez analisar a vida de outra forma, e até deixa-la mais colorida e bela, vendo que devido a estes grandes amigos, pude viver aventuras que tem modificado minha vida... Viajar é sempre bom, mas para isto temos que ter alguns ingredientes essenciais: tempo, dinheiro e alguém que o acompanhe. O meu tempo é mais escasso, dinheiro, embora não seja rica, tenho tido sabedoria para trabalhar e consegui-lo de forma suficiente para viver e claro ter alguns momentos de lazer, que nada considero luxo, mas sim uma alimentação, no caso para a alma e quem acompanhe... Isto é o mais difícil... Mas não é que ser fã do Pedro facilita as coisas... 

Em janeiro deste ano estive em Minas Gerais realizando um grande sonho, conhecer Ouro Preto, e para chegar a meu destino, fiz uma conexão no Aeroporto de Confins e peguei alguns folhetos turísticos de Belo Horizonte, na época sentir estar apenas de passagem em Belo Horizonte e prometi que um dia voltaria a capital mineira para conhece-la melhor, e não é que o destino sorriu ao meu favor... Foi com muita alegria que fui informada no grupo Pedro Mariano “Intuição” do qual participo - antes que digam diferente, o Intuição ainda não é um fã Clube, é apenas um grupo do facebook que decidiu se unir para debater assuntos relacionados a um ídolo em comum, Pedro Mariano, alias um grupo que tem sido importante para mim devido a amizade que ultrapassou o Nível “amor ao Pedro”, não somos fã clube ainda, mas se o moço quiser oficializar... Quem sabe... Aceitaremos de bom grado - Bem retornamos no ponto onde parei, pelo Intuição fui informada de que o Pedro Mariano iria para Belo Horizonte, imediatamente fui na minha agenda olhar meu calendário anual e soube que o evento seria perfeitamente na minha última semana de férias, e eu pensava mesmo em viajar... Então Touche... Decidi ir a Belo Horizonte assistir ao show e a turismo, ainda sem companhia, mas tinha certeza que alguma das minhas amigas embarcariam na aventura, dito e feito, a Rosi Sabino manifestou a vontade de aproveitar também suas férias em BH e assistir o show, não demorou para que conversássemos em Imbox e decidíssemos ir... Logo a Camila Maria manifestou a vontade de nos acompanhar e a festa começou: Primeiro a correria para a compra de passagens, depois a localização de um Hostel legal e por último a compra dos tão sonhados ingressos para o show, que alias nos fez sofrer, visto que o SESCMG nunca sabia dar nos informações sobre este... Tive ajuda para isto de anjos como minha colega mineira “Rachel Aragão” que se prontificou imediatamente a comprar os ingressos além de ir todos os dias no SESC perguntar sobre o inicio da venda,.. O importante é que viajamos e no final tudo deu certo.

Chegou o dia da viagem, embora a ansiedade de conhecer Belo Horizonte habitasse em nós, não conseguíamos deixar de pensar nos preparativos do show. De que hora iriamos ao SESC, como iriamos... E o principal, tínhamos a preocupação de como seria possível o Pedro lotar o Grande Teatro do SESC, que era realmente muito grande mesmo, com a demora que o SESC teve a transmitir informações e vendas de ingressos... Achávamos que o Pedro merecia um lugar lotado...

Chegamos no teatro aproximadamente as 19:00 horas para conhecer a cafeteria do SESC e tivemos o privilégio de ouvir a distância toda a passagem de som... Fomos praticamente as primeiras a chegar no local, sentamos tomamos aquele café e tivemos a primeira surpresa da noite, o querido Leandro Matsumoto, ex baixista da banda do Pedro do qual tínhamos saudades, apareceu no café para nos dar um alô, demos aquele abraço, papeamos e ainda tiramos fotinho com ele, que teve que ir embora cedo para se preparar para o show que faria ao lado do grupo “Sambô” a qual pertence agora, mesmo que quisesse muito ver a apresentação de seus grandes amigos de anos...
Chegou a hora de entrarmos no teatro, ficamos espantadas com a beleza do teatro e conversamos com algumas pessoas da plateia, soube que não foram só paulistas que viajaram, encontrei na plateia cariocas, paranaenses que estavam com saudades dos shows do Pedro... Todos ansiosos pelo momento... Analisei a plateia e fiquei satisfeita, não esgotou, mas 4/5 de um teatro foi preenchido, um calor humano até coerente com o talento do Pedro... 

O show começou com a grande “Simples” de Jair Oliveira, estranhei de imediato o fato de não ouvir palmas quando as cortinas foram abertas, mas isto não representou nada da ansiedade da plateia, que aplaudiu calorosamente o fim da canção, mas de forma tímida e ponderada, acredito que seja pelo fato de não ter apresentações do Pedro na cidade, como nós paulistas nos acostumamos, e chegamos de certo a ser ensaiados por ele a como agitar o show, sabendo momento de bater palmas, cantar e até levantar... Tal ensaio os mineirinhos “quietinhos” ainda não tiveram, mas pelo jeito gostaram do que viram, porque achei as palmas calorosas demais para quem via apenas o filho da Elis Regina no palco... Via nos olhos do Pedro um desafio, ele sabia que aquele público a sua frente ainda não era um público ganho, como já era o paulista, mas era algo a que ele estava disposto a cativar e não mediria esforços... E assim fez... A princípio jogando dicas do que esperava do público e depois relaxando e deixando que o público fizesse sozinho.

A primeira parte do show acontecia, o público continuava apenas observador em Simplesmente, que é um dos grandes sucessos da carreira do Pedro, e em Miragem Pedro continuou buscando não forçar os expectadores, e foi o momento que nosso trio decidiu agir , batendo a tão famosas palmas da canção, e pareceu naquele momento algo mágico, e nos sentimos um tanto importantes pela harmonia do show, visto que nossas palmas logo se multiplicaram pelo teatro e sentíamos os mineiros nos acompanharem, o sorriso que surgiu nos lábios do “doce marrento” naquele momento era divino, olhava para os músicos com o olhar cheio de esperança, sabendo o quanto aquele show poderia ser promissor e que o público estava gostando do que via, embora demonstrasse da maneira deles... A conversa com o público a seguir seguiu de forma breve e cordial, agradecendo o convite a todos que idealizaram aquele momento, além de dizer o quanto se divertia naquela casa tão sua chamada palco, assim apresentou a seguir uma versão de Perdoa pouco comum para nós paulistas, onde não chamava o público para repetir com ele o tal “perdoa” , de certo intuito que não seria correspondido na cantoria do público. Entretanto tentou arriscar na música que viria a seguir e convidou o público, que conhecesse a canção a canta-la com ele, e assim cantou “pra você dar o nome”, entretanto a orientação de que a música fosse cantada não foi acatada pelo público, em compensação as palmas que voltara a receber após a canção fora ainda mais calorosa, comprovando que realmente agradara, novamente deixou um sorriso escapar dos lábios e agradeceu cordialmente as palmas. Em Sei de mim aproveitamos para repetir o que ele já sabe num coral feito só por nós três “ Quero sempre toda hora eu não te deixo em paz...” Deixando claro que continuaremos o seguindo, ele vendo a nossa cantoria decidiu arriscar novamente para agitar a galera( nós) a cantar a parte “nada sobre nós” , pareceu naquele momento se fixar na gente, que estava realmente cantando para continuar o show de forma de certa forma empolgado, difícil de explicar mas senti isto... 

Chegou o momento de tirar o paletó, o Roadie disponível no momento, Marcelo, não sabia da necessidade de “despir” a peça do cantor, e foi então ao chamado do Pedro que pedia auxilio para retirar o paletó, eis que surge os primeiros gritos femininos da noite, não sabemos informar da onde, mas saiu, Pedro brincou que era para não nos empolgarmos que aquilo seria apenas o paletó, e alertou para que não nós animássemos, pois seu “Streap” não sairia daquilo. E assim, com ajuda de nossas palmas, iniciou o que posso chamar de “minha Música”, “Procura” (que me perdoem os colegas Walter, Dani Cecato e Neli, mas a considero minha, e aceito dividir) as palmas não foram sonoras como as dos shows que que estamos acostumados a comparecer, mas aconteceram... Pedro então pede licença e explica a dificuldade em decorar a letra da próxima canção que viria a seguir, visto que o compositor “Jair Oliveira” tinha caprichado na letra que embora poética, era complicada de ser assimilada, e iniciou “pra cada coisa” e para nossa surpresa : ELE NÃO ERROU A MÚSICA. A poesia de Jair Oliveira realmente adentrou no recinto, numa interpretação que chocou a maioria que aplaudiu extasiado a canção...
Após acabar a canção, Pedro falou sobre as suas dificuldades em ser artista no Brasil, e brincou que não matava apenas um Leão por dia e sim uma ... Neste momento deu uma pausa e falou que não lembrava do coletivo de Leão, que melhor definiria o que diria, e que ele não matava leão por dia, mas Leões e pediu pesquisas no google, e nos orientou a pesquisar depois, como boa fã (e professora de português) , junto com a Rosi Sabino fiz a pesquisa, e não existe um coletivo de Leão e sim um coletivo genérico “Alcateia” que serve tanto para Leão, quanto para lobo, quanto para outros seres de uma mesma espécie... Mas vamos lá, ele contou que tem matado uma alcateia por dia na luta pela arte dele e agora está lutando por algo que seus fãs, e a “galera do seu fã clube” tem tanto cobrado e que agora ele vai cumprir gravando mais um DVD em outubro, e ele como uma boa criança, dera-se um presente para o dia das crianças que era o sonho de tocar com uma orquestra sinfônica. Devo admitir que nesta hora fui realmente pega de surpresa, não esperava ouvir da boca dele que estava fazendo algo que tanto seu fã clube pedira... Principalmente ouvir a palavra fã clube vinda dele... Alias nem fã clube somos, somos apenas um grupo que o segue e o apoia... Embora no atendimento ele tenha negado dito a palavra fã clube e afirmou que disse apenas a palavra “Fãs” ... Não há a menor importância... O Importante é saber que você considera a nós fãs a ponto de cumprir uma cobrança nossa, são pequenas coisas mas tenho certeza, deixa nossos dias mais felizes... E viraremos crianças contigo no dia 12... (Obrigado). Bem, após o clímax do depoimento do rapaz foi coroado com “acaso” que ilustrou mais um encontro do Pedro com Marcelo Elias num dueto piano e voz perfeito, que muito agradou ao público mineiro que continuou com suas costumeiras e demoradas palmas cordiais. 

Chega o momento descontraído, o rapaz avisa que sempre ganha a parada de fazer todo mundo cantar as duas músicas seguinte, a piada conhecida tanto por nós e que mesmo assim não cansamos de ouvir, porque ele sempre dá uma faceta diferente, e pediu para que todos ligassem câmeras para registrar sua vitória, visto que devido a proibições do SESC por filmagens , todas as máquinas encontravam-se guardadas na bolsa, até o moço dar a entrada que queria ser fotografado e começar a receber feliz inúmeros flashs e fazer com que a segurança não proibisse mais o uso das máquinas, neste momento tive a impressão que ele decidiu não arriscar muito e jogava o microfone para aparecer a voz de quem realmente estava cantando na plateia, nós que até ficamos roucas de tanto que cantamos com ele...
Em voz no ouvido, realmente aconteceu um coro maior o que de pode ser, embora ainda não fora o suficiente... Uma pessoa na plateia grita : 2 a 0 (referindo que ele ganhou) eu completei: PARA VOCÊ... Nesta hora ele vira e começa a falar que era verdade, nunca tinha perdido nenhuma, a ponto que um dia chegara-se a se apresentar para 250 oficiais da marinha num evento fechado e fizera todos cantarem, e ainda comentou que achou estranho o coro masculino visto que estava acostumado com as voizinhas das meninas, como ele mesmo falou.

Para ilustrar o momento reflexão chegou o momento do rapaz me fazer chorar com risos e memórias.

Agora chega o êxtase da noite, embora a plateia feminina não tenha gritado com o streap da gravata, digo que o rapaz fez uma das melhores interpretações de lado a lado que vi e ganhou no final aplausos que bateram recorde na demora em terminar, comprovando que o rapaz conquistava enfim o público mineiro, que não encerrava as palmas que o consagrava, Pedro recebia aqueles aplausos com a respiração ofegante que denunciava o quanto ele havia se esforçado para merecer tal festa... E assim enquanto rapidamente descansava foi relembrar o setlist com seu diretor musical, Marcelo Elias, e devido ao demorado silêncio, aproveitei para a única brincadeira da noite, para chama-lo de “Maravilha”, rapidamente ele se virou com aquela cara engraçada que somente, ele, senhor Mariano pode fazer, e abaixou fazendo uma reverencia em agradecimento como se tivesse lisonjeado com o elogio... E voltou para cantar por nada e por ninguém, que pareceu ser uma das mais calmas em reação da plateia na noite, embora recebera muitos elogios ainda. 

Chegou a última parte, e passamos por um teste de resistência, tendo que ouvir Nau sentadas, já que a plateia mineira não conhecia o hábito de invadir a frente de palco, chegamos a dançar apenas com os ombros... Mas gritos com o momento “efeito” especial rolou para a nossa alegria... Em quase amor a plateia decidiu acordar, ouvimos gritos na plateia, mas ainda nenhum sinal de se levantar, assim como em três moedas... 

Acontece o Bis, o moço aparece em novo figurino e após agradecimentos pede para ligarem as luzes da plateia para que ele pudesse ver os rostinhos da plateia, informando que queria ver em nossa face se tínhamos gostado ou não do show e que estava super satisfeito em estar lá... Decide contar também o motivo de agradecer com “Obrigado Gente”, que fazia em homenagem ao seu padrinho artístico João Bosco que também faz o mesmo agradecimento em fim de shows... E começa sua declaração de amor “ Antes não do que talvez...” com algo que dizia “Eu sei que pelo menos eu tentei”, deixando claro que dera o máximo de si para satisfazer aquele diferente público. Avisa então que é “pra acabar” e pede para a galera convencê-lo a não acabar... E convida todos para “dançar”... Convite que não fora aceito devido a timidez da plateia, nos que já estávamos precisando levantar e realmente dançar, decidimos não atrapalhar e dançar com ele com “Livre para viver”... E assim nos despedimos do Pedro.

Um show diferente, do qual não estávamos acostumados, mas que sentimos que a nossa presenta foi importante, como se nós fossemos um apoio, um termômetro para o rapaz, que fixou o olhar em grande parte em nossa direção... Não seria ostentação, mas posso dizer que o show foi feito realmente para nós... Uma experiência que nunca vou esquecer, e posso dizer “ Valeu BH” .
Reca Castilho

GALERA A PRÓXIMA PARADA DO PEDRO MARIANO

RECIFE

TEATRO SANTA ISABEL
Praça da República - Santo Antônio - Recife
29/08/2013 - AS 21 HORAS

PEDRO MARIANO E ORQUESTRA - Patrocínio Bradesco e Nextel

INGRESSOS SERÃO VENDIDOS NA BILHETERIA DO TEATRO
Inteira R$80 - Meia R$40
A Art. Rec. Produções informou pelo facebook que as vendas começam dia 06/08