(Sobre o livro “Eu”- Ricky Martin)
Foto da Capa do Livro Eu |
"Deus, ajudai-me a dizer a verdade para o forte e a esquivar-me de contar
mentiras para ganhar o aplauso do fraco. Se me derdes fortuna, não me tireis a
razão. Se me derdes sucesso, não me tireis a humildade. Se me derdes humildade,
não me tireis a dignidade. Deus, ajudai-me a ver o outro lado da moeda. Não me
deixeis acusar outros de traição só porque não pensam como eu. Deus, ensinai-me
amar as pessoas como amo a mim mesmo e a julgar a mim mesmo como julgo os
outros. Por Favor, não me deixeis ser orgulhoso se for bem-sucedido, ou cair em
desespero se fracassar. Recordai-me de que o fracasso é a experiência que
precede o triunfo. Ensinai-me que perdoar é o mais importante no forte e que
vingança é o sinal mais primitivo do fraco. Se me tirardes meu sucesso,
deixai-me manter minha força para conseguir sucesso a partir do fracasso. Se eu
falhar com as pessoas, dai-me coragem para me desculpar, e se as pessoas
falharem comigo, dai-me coragem para perdoá-las. Deus, se eu me esquecer de
vós, por favor, não vos esqueçais de mim". (Mahatma Gandhi)
Assim que li esse texto de Gandhi na introdução percebi que o livro iria
me levar a conhecer um homem, no mínimo, interessante; e encontrei um
homem interessante e muito espiritualizado e que me motivou a escrever
sobre. Levei um tempinho, pois queria traduzir em palavras o quanto mexeu
comigo e não estava muito simples traduzir os sentimentos que me tocou durante
a leitura. Tive que ler uma segunda vez e pontuar algumas coisas e acho que
ainda não consegui exprimir tudo.
Não me interessei em ler a autobiografia dele pelo fato de querer
saber o que o levou a assumir publicamente sua sexualidade. Isso, sinceramente,
a mim nunca interessou, e a minha leitura não deu ênfase a isso,
ela acabou sendo, claro, parte do entendimento que tive, afinal, era uma
inquietação presente nele, e que ele deixou transparecer no transcorrer do
livro e até porque fazia parte do encontro de ele com a sua verdade.
Cada leitor tem a sua compreensão, afinal, cada leitor tem suas
experiências como indivíduos e como tal interpretamos dentro do que somos
e como vemos o mundo.
A minha curiosidade inicial, é porque curto música, e esse mundo do
entretenimento da música me deixa curiosa. Porque alguém consegue uma exposição,
consegue alavancar sua carreira, consolidá-la e fazê-la ir além de sua terra
natal e outros não? Queria tentar entender como se construiu um Ricky Martin?
Sendo uma autobiografia, também imaginava que nem todos os detalhes do
trabalho, das jogadas de marketing de uma gravadora seriam
publicados...mas um detalhe aqui outro ali podia começar a dar uma ideia, mas
não consegui muito, o livro realmente me levou para outra esfera.
Vamos a algumas considerações, não sou "FÃ" dele, mas assumo
que algumas de suas músicas sempre me deixavam muito feliz, curtia...ou melhor,
curto demais, gosto do suingue, gosto de sua presença no palco que é cheio
de energia e vamos combinar ele é bonito como não querer ficar olhando pra ele
né?! Espero que da próxima vez que ele vier ao Brasil consiga ir ao show dele, ano passado acabei perdendo.
Por ser uma autobiografia, tudo é muito bem pensado pra ser dito,
afinal, havia, segundo ele, uma preocupação dele em se abrir, se colocar, mas
preservar os outros envolvidos em sua história, como ele mesmo disse quem
decidiu se expor foi ele e não os amigos, parentes, profissionais que
trabalharam e trabalham com ele.
Na leitura que fiz, senti que ao escrever ele exorcizou tudo que
ainda lhe fazia mal, como ele mesmo diz, se libertou para ser feliz. "a
vida é mais bonita quando vivida de braços abertos, baixando a guarda, sem
ansiedades ou segredos" (pag. 22)
Senti um homem incansável na busca do entendimento da vida, da sua
verdade, da consciência do seu ser, de sua natureza mais intima, e do
equilíbrio entre a razão e o coração, na busca da paz interior. Pra ele as
chaves da vida são “serenidade, simplicidade e espiritualidade.”
Não pretendo contar o livro nesse blog, mas alguns fatos me fizeram
refletir. A fase Menudo como ele reforça, ensinou a ele disciplina, que é
necessária na vida. No entanto, ele perdeu a possibilidade do amadurecimento
dessa fase que é a fase que questionamos ordens dos pais, que buscamos a
liberdade e vamos tomando as rédeas de nossa vida, ele entrou em um mundo que
ele só tinha que seguir ordens. Achei que, por sorte, depois do Menudo, não se
manteve na "crista da onda", teve um tempo para ele, para aprender a
dirigir sua vida e saber o que realmente queria. Afinal, um garoto que desde
pequeno queria estar no palco, e depois de um período intenso nesse palco
seguindo ordens, questiona se é isso que quer? Tinha que ter um tempo pra si.
Nada a ver ou tudo a ver, lembrei do Michael Jackson, que pra mim, pareceu
nunca ter conseguido amadurecer verdadeiramente é muito triste. Nesse “tempo”
que ele se proporcionou experimentou outras artes: teatro, TV e cinema, e
percebeu que todas essas artes o levaram de volta para música o palco e o que
esse palco representa é seu vicio.
E nessa leitura outra coisa que percebi é que quando voce começa a
escrever, a refletir, voce se depara com muitas contradições, isso parece ser
uma constante, nessa leitura encontrei várias, principalmente referente à vida
pública, da fama, do sucesso.
Mas, como já disse anteriormente, esse homem viveu e vive em busca de
ser um ser completo, feliz, realizando seu papel no mundo, deixando sua marca.
Isso também me chamou a atenção. Cada um de nós temos nossa
individualidade, somos indivíduos que vivem em sociedade, acredito como
ele, que temos nosso papel nesse mundo, e temos que ir em busca de sermos seres
humanos melhores pra fazer desse mundo, um mundo melhor. E nossas ações como
indivíduo, creio, tenha que ser na busca de sermos individuo que transformem
sua comunidade, sua cidade, seu país. O coletivo tem que ser prioridade para os
indivíduos, infelizmente, os indivíduos, a maioria de nós priorizamos o
individualismo, e não percebemos que se o todo não está bem, no caso, a
sociedade em que vivemos, nunca conseguiremos ser plenos.
Somos indivíduos, mas como indivíduos somos muitos e ao mesmo tempo um
só, temos muitos papeis. Interessante ele dizer, que ele é o Kiki para a família,
amigos, e Ricky no palco, na frente das câmeras e que sempre tentou separar
isso, mas chegou a conclusão que não é justo, e que o Kiki e o Ricky são um só.
E, acho que é isso mesmo. Uma vez o William Bonner questionado de ele como
ancora de um jornal e ele nas redes sociais, parece ser duas pessoas? E
perguntaram quem é o verdadeiro, no que ele disse algo do tipo, voces não
querem que eu trate, ou seja, por exemplo, com um delegado de polícia, como sou
com a minha esposa. E é isso, todos nós somos muitos, mas temos uma essência.
E foi nos momentos dele comentando sobre suas atividades filantrópicas
que me fez mais refletir, desde criança sempre tive uma vida muito ativa,
participativa na comunidade e depois mais tarde culminou com participação
político partidária, mas com o desenrolar de nossa história política me desencantei
um pouco, sendo sincera, muito. E fui me afastando de tudo, desacreditando de
tudo. E sempre ouvia de pessoas próximas que não devia desistir de tudo que
deveria fazer a minha parte e se não podemos fazer tudo, “arrumar” tudo,
podemos fazer algo. O mais engraçado disso, é que ouvi esse tipo de coisa
várias vezes, mas como ele mesmo diz em seu livro, acho que em todas às vezes
“não era o momento”, o momento foi ler no livro exatamente o que já me diziam, não
podemos fazer tudo, mas fazemos o que pudermos, isso é verdade, já era verdade,
mas precisou a verdade ser dita algumas vezes mais e ser o momento de eu ouvir
e foi nessa leitura, posso dizer que isso mexeu muito comigo.
Pai de Valentino e Matteo (não me perguntem não sei quem é quem) |
Outra coisa a se pensar e praticar, fazemos discursos de que as pessoas
tem que nos aceitar como somos, mas temos dificuldade em aceitar o outro como
ele é. Gastamos tempo em observar as diferenças nos outros ao invés de ver o
quanto o outro é semelhante a nós.
Essa autobiografia me pegou de jeito é uma história de vida com muitos
questionamentos como é a nossa vida, com conclusões de coisas que muitas vezes
sabemos, mas que precisamos ser lembrados sempre.
As palavras finais dele é “inspirar outras pessoas a enfrentar seus
medos e a seguir em frente com suas vidas também. E esse é o maior presente de
todos”. Posso dizer que ele me inspirou a refletir sobre minha vida também.
Parece que atualmente ele está em Cartaz com o espetáculo Evita na
Broadway, se alguém quiser me presentear...(rs rs). Só me avisa com
antecedência porque preciso providenciar passaporte
e (rs rs)
e (rs rs)
Bjs
Neli
NA LIVRARIA SARAIVA TÁ R$9,90
http://www.livrariasaraiva.com.br/pesquisaweb/pesquisaweb.dll/pesquisa?ORDEMN2=E&ESTRUTN1=&PALAVRASN1=EU%20RICKY%20MARTIN
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4 comentários:
To adorando ler esse livro e confesso que me interessei depois que vi na casa da Neli esse texto inicial. Tive que me presentear com esse livro e to morrendo de dó de chegar ao final..
É Rosi, o livro pode não ser "A" biografia, com certeza tem outras biografias bem mais interessantes, com histórias de tirar o chapéu, mas a dele é uma coisa do íntimo mesmo, de tentar se entender, achei muito legal.
bjs
Neli
Comprei o livro despretensiosamente. Mas, como você, tirei várias frases com um sentido muito forte. Ele nos mostra sua vida. Mostra a fma, seus pontos positivos e negativos... o sofrimento, e a questão do preconceito, como enfrentar as dificuldades que o coração impês. Muito bom!
Thiago falando particularmente do conflito pessoal por qual ele passou, é triste ler que ele mesmo não se amava, não se aceitava...é muito loco!
bjs
Neli
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