sábado, 29 de junho de 2013

Muitas reflexões...Meus pensamentos acordaram...

É da natureza do jovem ser revolucionário, questionador, e ter esperança de mudança, isso é bom. 
Agora, passado alguns dias do início dos movimentos que tomaram conta do país e que me fizeram refletir muito a respeito resolvi tentar colocar em palavras minhas angústias. Afinal, foi um movimento que surgiu virtual e ganhou as ruas, era tudo muito novo para que eu, de cara, tirasse uma conclusão assim só nos primeiros movimentos, até porque pra mim sempre tem "interesses" mesmo imaginando que a grande maioria que foi pra rua, foi para dar um basta nos mandos e desmandos dos nossos políticos: prefeitos, governadores, presidente, deputados e todo o resto que "dirige" esse país...Mas, que tem grupos tentando pegar carona, ou até mesmo, que ajudou a provocar o movimento, tem, haja vista que nas redes sociais uns dos pedidos já era de impeachment da Presidente...Isso me fez parar e não ir às ruas, pode não ser "um governo" que esperamos, mas também não acho, tão ruim assim, e olha que anulei meu voto, estava rebelde e ainda estou com o partido, mas, não acho que o impeachment é necessário...até porque quem assumiria?...O Facebook?! Afinal, Michel Temer ou o Presidente da Câmara, pela Constituinte, seriam os próximos na lista, são todos políticos ligados a partidos que estão sendo rechaçados nas ruas,

Já fui boa nisso!
Até onde percebi, ...pra mim estamos em um verdadeiro jogo de xadrez, onde o país é um tabuleiro, e nós (população, políticos, mídias, somos peças) Acho que talvez alguém tenha pretendido algo, ou ainda pretenda, mas como os políticos também não demoraram muito para darem resposta, foram agindo rapidamente tal e qual a vida tecnológica, talvez para alguns pode ter sido lento, (acostumados com as tecnologias), mas acreditem, essas respostas estão sendo rápidas.
Essas reflexões me fizeram viajar na história de nosso país, onde 513 anos não é muito vai...agora sim com a tecnologia que temos hoje, 10 anos será muito tempo. 
Democracia, experiência muito incipiente, se contarmos que antes de 1964, nunca tivemos uma democracia de fato, mais universal, e ai ainda por cima acontece o Golpe, que veio depois das "marchas da família com Deus e pela liberdade", ai a coisa estagnou, só voltando em 1979 com a abertura política e com ela o pluripartidarismo, e dentre os partidos, um em especial, o PT.
O militarismo já afrouxava suas rédeas desde 74, nas periferias a igreja católica com a sua teologia da libertação, cria as comunidades eclesiais de base, desde o fim dos anos 70 e começo dos 80, ajudava a formar em seus fiéis consciência de cidadão e de senhor da história, ensinando seu povo que não bastava a fé, tinha que juntar essa fé a ação....e na esteira histórica os sindicatos de operários com força de mobilização também faz sua história com um metalúrgico ganhando as páginas de jornais.
A esses movimentos, sindicatos e comunidades de base, junta-se a elite intelectual e nasce o partido que viria ser o maior partido de esquerda da América Latina com ideologia socialista, o PT.
Ele vem com uma força, mas ainda não força de uma nação, de mudança, talvez, se tivesse conseguido as vitórias na época de sua criação, a história teria sido um pouco diferente. Mas, essa força era maior nos grandes centros, saindo dos centros, quem ditava as regras ainda era a classe dominante de sempre. E, mesmo assim nos grandes centros, o poder desse movimento de esquerda não conseguiria, logo de cara, cargo executivo, foram 5 anos pra eleger a primeira Prefeita, que foi em Fortaleza e 8 para eleger também uma Prefeita em São Paulo, um parenteses, a eleição da Erundina foi, pra mim, mais emocionante que a do Lula, eu fiz campanha pra ela, já para o Lula, estava mais desacreditada no partido.
Um dos poucos políticos que ainda admiro de fato e sempre tá na rua.Não
achei a foto mais antiga que tenho com ele com meus 25 anos  
Em 84 o PT e tantos outros partidos com a sociedade foi junto pedir Diretas Já, um dos grandes movimentos populares da época, eu tinha 17 anos, só não fui pra rua porque minha mãe não deixou, mas lembro que meus irmãos participaram.
Então, como jovem na época via no PT a esperança, não tínhamos a experiência histórica de partido político de grande inserção popular, era uma esperança de fato...E guardo até hoje a ideologia do partido, acredito em muita das idéias, ele é quem mudou, não eu. Também, acho que ele guarda, um pouco, de suas raízes ideológicas, mas tenho consciência que desviou muito para o centro e, infelizmente, por conta de algumas ações desmobilizou os movimentos populares e ai fez surgir uma sociedade descrente..Ah! Claro, a culpa não é só dele é de uma legião de políticos que fazem promessas de campanha e não cumprem. há um descaso com educação e saúde pública, e desvios de dinheiro público. Isso não é privilégio da atualidade, tem gente que se ilude achando que corrupção é coisa atual, pedindo inclusive a volta da ditadura...Mas, é como já ouvi dizer uma vez, o país nasceu corrupto. 
E historicamente analisando, a igreja católica, que teve seu lado "esquerda", também foi desmobilizando, seus fiéis e padres mais ativistas, esses foram sendo substituídos ou calados, por padres e fiéis mais ligados a correntes que querem separar a Fé da Ação social e política. 
Portanto, nos últimos 20 anos, movimentos sociais foram enfraquecendo, no mundo, o muro caiu, e os governos socialistas também perderam espaço, o capitalismo "venceu". Na época da queda do muro, no Brasil, o PT chega perto da Presidência, mas perde na reta final. Em 92 depois do Impeachment do Collor, não teve mais nenhum ato de clamor social, coincidentemente veio na sequencia os governos FHC, Lula e agora Dilma, 20 anos. Claro, que o povo não devia ter "cochilado" (rs rs), a história seria diferente, mas sempre é tempo. 
A questão era que quem estava acordado assumiu o "poder" e ai sumiu das ruas...Mas, sendo justa também, nas prefeituras que o PT assumiu, sempre chamou a população para ajudar a elaborar o Orçamento, infelizmente, tem mecanismos que o povo não se apossa dele, por falta de informação ou por comodismo. 
A geração da redemocratização do país, hoje penso que não foi redemocratização, foi democratização mesmo, foi uma geração que buscava lideranças, e com elas no poder quem se mexe?! Com isso pouco sobrou de movimento social forte, MST, os Sem Teto, mas não atinge a população como um todo.
E a história que temos agora é essa...De um pluripartidarismo sem representatividade nenhuma, e de uma rede social ditando regras...O QUE TEREMOS A SEGUIR?! Não sei! 
O que observo é que a tendencia é de um movimento sem liderança (isso é bom), mas acho que é só sem liderança explícita, afinal, o que nos garante que isso tudo não tem um líder?! Tenho observado que quando se divide as bandeiras de luta, o movimento é menos impactante e ai o quanto que isso vale a pena? Mas, também como chegar a um consenso para um movimento maior?! Foi a grande massa que deu algumas diretrizes, por sorte, alguém conseguiu "ler" essas diretrizes, pois pra mim, tava estranho. 
Pra finalizar:
Com esse movimento todo acontecendo, a história acontecendo lá fora, eu descobri que não sei mais ir para as ruas, não sei mais gritar palavras de ordem...ou ainda é porque estou confusa?! Mas, agora sem angústia. Feliz de ver que algumas coisas estão mudando.
Espero que o brasileiro também mude de fato, que ele saiba o quanto ele é responsável pelo país...que ações nossas no dia a dia são tão importantes como dos nossos políticos. O coletivo tem que vir prioritariamente antes do indivíduo...ai sim acreditarei muito que o Brasil pode dar certo.

Neli

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