PARTE III
OBS. Não tenho formação em letras e não houve revisão no texto (ACEITO CORREÇÕES mandem e-mail nelisteixeira@gmail.com )
O CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO DÉCADA DE 80 E 90
Pedro Mariano nasceu em 75, e no ambiente familiar ele cresceu com acesso a música mundial, rodeado por nossos compositores, vendo e ouvindo o trabalho dos pais, mas ouvindo também o que os pais ouviam, principalmente jazz, e o soul da Motown, os sons internacionais também povoavam o universo dele. E conforme foi crescendo foi se identificando com o som que melhor lhe agradava, e o som de sua geração também foi se moldando, a black music, o rock, o punk (new wave), a fusão disso influenciou o universo pop internacional dos grandes expoentes desse período, Michael Jackson e Madonna e muitos outros artistas e bandas de rock, que farão parte da adolescência de Pedro Mariano.
Ele nasce ao mesmo tempo em que acontece no Brasil a abertura política, ela já estava a caminho, e isso vai se refletir em nossa música. Abertura política é positiva, no entanto, na economia as coisas não iam nada bem.
Nos anos 80, ainda criança, Pedro cresce sob esse novo clima político e econômico. A censura começa a abrir a guarda, e o rock nacional, influenciado pelo crescimento de bandas inglesas e americanas, começa a tomar forma.
Os “filhos da Ditadura”, agora são jovens que querem cantar e dizer a que vieram. E muitas vezes, deixar sua crítica política e social, o que não é mais exclusividade da MPB. Essa, inclusive, começa a passar por transformações.
Surgem as nossas bandas de rock: Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, que tinha um dos grandes compositores da década, Cazuza. Teve ainda RPM, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial, Ira, Biquini Cavadão, Kid Abelha, e muitas outras que só viveram o auge da década de 80. Essas citadas, ainda hoje continuam em destaque, umas mais do que outras. E, por conta desse movimento do rock nacional, em 85, acontece em grande estilo, o primeiro Rock in Rio que entrou para a história. Na época, Pedro só tinha 10 anos.
Com a televisão sendo a grande mídia e já presente na maioria dos lares, o “lixo” na música começa a ganhar espaço, mais valendo o potencial comercial do que artístico. O sucesso midiático e efêmero ganha espaço e a música de qualidade começa a perder esse espaço nos ouvidos da massa.
Mas, apesar disso, ainda nas paradas de sucesso, artistas de décadas anteriores se mantêm em evidências: Elis que falece no começo da década, mas sua música fica para eternidade. Os nomes de maiores destaque nessa época: Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Tim Maia, Jorge Ben, Gonzaguinha, Ivan Lins, Gal Costa, Maria Bethania, Simone; Rita Lee (esqueci alguns com certeza). No Samba, Beth Carvalho, Alcione, Paulinho da Viola, Leci Brandão, Martinho da Vila...Ah! E Roberto Carlos também continua fazendo sucesso. Guilherme Arantes a partir de Aprendendo a Jogar, que Elis gravou, volta a ter destaque na cena musical nesses anos 80.
Djavan surge no final da década de 70, mas é nos anos 80 que ganha força e expressão na nossa música, gravando no comecinho da década ao lado de Stevie Wonder. Pode-se dizer que os anos 80 foram do Djavan na MPB.
Outra que emplaca vários sucessos é a Joanna. É! O romantismo em alta, Michael Sullivan e Paulo Massadas é a dupla de compositores que fazem um hit atrás do outro, tem ainda Roupa Nova e suas músicas que estouram em trilhas sonoras de novelas. Surge Lulu Santos, outro hitmaker, emplaca um sucesso atrás do outro e que ainda hoje se mantém na onda. Temos ainda Sandra de Sá. E no Samba Jorge Aragão e Almir Guineto que fundaram no final dos anos 70 o grupo Fundo de Quintal. No começo dos anos 80, eles seguem para carreira-solo. Praticamente, são esses dois e o Zeca Pagodinho, expoentes do samba dos anos 80, que vão consolidar um novo estilo, o pagode, provocando a indústria fonográfica a investir no segmento em questão e o boom de grupos de pagodes surgem nos anos 90.
Outro ritmo musical que nos anos 80 ganha força nos grandes centros é o sertanejo. Isso vai se refletir nas mídias de TV e Rádio, afinal, os centros urbanos recebem cada vez mais migrantes do interior e nos anos 90, o sertanejo divide o espaço com o pagode. Não se pode esquecer o Axé, que vem com tudo no final da década de 80. Ele é mais um ritmo para ocupar o espaço da mídia. E nessa pegada, todos os outros ritmos na década de 90 ficam à margem, sem espaço.
Mas, claro, que apesar de não se ter o espaço que merece, a MPB continua produzindo, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Zélia Duncan, no Pop Rock Cássia Eller, Skank.
É esse cenário brasileiro que Pedro e amigos da sua geração encontram no começo de suas carreiras, já na segunda metade da década de 90.
Na contramão desse cenário, existem alguns programas - mas em emissoras sem grande inserção nos lares brasileiros – de audiência baixa, programas independentes, como foi o caso, no final de 94 o Programa Cia da Música, da CNT/Gazeta, apresentado pelo meio irmão do Pedro, João Marcello Bôscoli. O nome do João para ser o apresentador do Programa foi sugerido por Ivan Lins.
O programa não tem repercussão em audiência, mas acaba ganhando expressão, cai no gosto da crítica e do meio musical, tanto que um ano depois recebe convites de outras emissoras.
O programa surge como um lugar de encontros entre os medalhões da MPB e a nova geração da “MPB/pop brasileira”. Segundo o que li, a ideia era resgatar o espírito dos velhos musicais de auditório. Uma mistura de “O Fino da Bossa”, da Record dos anos 60, com a “Fábrica do Som”, da TV Cultura nos anos 80. Ficou a cargo da Intermeios e a Cinemacentro a produção do Programa apenas entregando pronto o programa a CNT/Gazeta para a transmissão.
Bernardo Vilhena assinava os roteiros, e a direção era de Oscar Rodrigues Alves (só para constar é irmão da Flavia, esposa do César, ou seja, “tio”).
As gravações aconteciam no Teatro Mars, em São Paulo, com plateia. E Pedro Camargo Mariano fez a sua estreia na TV nesse programa, que foi gravado no final de janeiro de 95. Apesar do Pedro já ter aparecido em entrevistas que tanto Elis como César concederam a emissoras de TV quando Pedro era ainda criança, além do clipe da Canção Íntima para o Programa do César na extinta TV manchete. (alguns desses vídeos estão na Parte II da bio aqui no blog).
Mas, profissionalmente falando a estréia em TV seria essa no Programa Cia da Música. Segundo uma notinha da folha, o programa com o Pedro foi ao ar no dia 05 de fevereiro de 1995. Além do Pedro, nesse programa, Johnny Alf, A cor do som, Banda Griot, Banda Planet.
Pedro Mariano e João Marcello, imagino, eram jovens, com a cabeça fervilhando de idéias e muito próximos, afinal, ficaram morando juntos depois que César foi para Estados Unidos. Os dois e o buldog Jobim (essa info é de um bate papo UOL de 97, ou seja, não sei ao certo quando o cachorro chegou a casa deles). As ideias deviam pipocar nos bate papos entre eles e amigos próximos. Cresceram como já foi dito, no meio musical, na infância de ambos, uma influência grande, não só dos pais, mas da música em geral, respiravam tudo que era ligado à música.
João Marcello, em 94, era diretor musical da empresa de publicidade DPZ e em novembro era também apresentador do Programa Cia da Música.
Pedro Mariano nos anos de 92/93, como já foi contado trabalhou com o pai na produtora, participou de Festivais, tinha a sua Banda, a “Confraria”, mas em 94 deixa por entender que ele não é de banda.
Temos então dois jovens próximos, filhos de uma das maiores cantoras da música brasileira, que estavam trabalhando com música.
TRIBUTO À ELIS – “Minha Alegria está em cantar” (Pedro Mariano para a folha em abril de 95)
Pedro Mariano e João Marcello decidem que Elis também merecia uma homenagem.
Agora vou falar de lembrança e do meu entendimento sobre esse momento.
Em uma entrevista, essa dada para a rádio Alpha FM em 2009, no programa Bossa ao Vivo, Pedro Mariano lembrou que o pai teria lhes aconselhado a fazer o “Tributo a Elis”, mas não focar apenas no repertório dela e sim, homenageá-la cantando também “a sua” música, do seu tempo. E mesmo nas canções consagradas por Elis, foi dado outro arranjo, outra atmosfera, a linguagem era dos jovens que estavam no palco. Acho que foi um conselho e tanto, muito acertado, falo por mim, esse show tributo de 95 eu gosto muito da sonoridade. E, lembro do Pedro nessa mesma entrevista para a Alpha FM dizer que o público presente aprovou a homenagem. Ele disse que foi um pouco tenso, não tinha certeza como as pessoas iriam reagir. Apesar que na matéria da Folha em que se divulgava o show, Pedro já deixava claro como seria o repertório:
“Vamos fazer um show com MPB, Jazz e Música Negra, vai ser uma celebração, com ritmos dançantes”.
E foi isso que fizeram, mesclaram o repertório deles com o de Elis e também convidaram o cantor e compositor Ivan Lins, um dos compositores gravado por ela. A banda foi do Programa Cia da Música. Os músicos presentes nesse espetáculo foram:
Duas baterias no palco e os bateristas, João Marcello Bôscoli e Albino Infantozzi; Guitarra e arranjos Max de Castro; Teclados e Arranjos Keko Brandão; Baixo J.J Lucrécio; Teclados, Violão, Baixo e Arranjos Daniel Carlomagno; Trompete Paulinho; Trombone Valdir Ferreira; Sax, Flauta, Clarinete Ubaldo Versolato; Percussão Luiz Carlos de Paula.
O show foi marcado para o dia 22 de março de 1995 no Teatro TUCA em São Paulo. Palco no qual a sua mãe pisou várias vezes, quer dizer, não posso dizer que o palco era o mesmo, já que o teatro sofreu dois incêndios, mas no endereço que sua mãe frequentou algumas vezes, com certeza.
Segundo notícia da Folha, apresentação única, ingressos, R$5 com renda revertida para o Projeto de Combate a fome do sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho. Teatro lotado, teve até tumulto na frente do teatro, pois tinham mais pessoas interessadas no show, do que lugares disponíveis. Imaginem a ansiedade dos rapazes.
João Marcello fez as vezes do apresentador, penso que, afinal, era ele o apresentador do Programa Cia da Música, e essa gravação depois foi transmitida no dia 26/03/95. Foi um Programa Especial da Cia da Música, a abertura que foi ao ar (não sei se na edição para a TV respeitaram a apresentação ao vivo – Pedro em entrevista deu a entender que cantou primeiro Acredite ou não), mas na TV foi com Como Nossos Pais, música de Belchior e surge Pedro indo ao encontro do microfone que estava junto ao pedestal no centro do palco e caminha concentrado curtindo o arranjo, diferente da versão da Elis que já solta um “Não quero lhe falar meu grande amor”.
Nessa nova versão, tem introdução preparando o Pedro. E ele respirando fundo e aguardando o momento de ele nesse novo arranjo, dizer as palavras fortes da canção. Arranjo tem pegada, é dançante, forte, pulsante, e o refrão diz tudo do porquê estar ali, afinal: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Na sequencia Cartomante de Ivan Lins e Vitor Martins, também rejuvenescida.
Das canções da turma dele, bom, não é bem da turma dele, mas era o som que ele curtia, já que a canção é de 83, ele tinha 8 anos, a canção foi Noite do Prazer de Paulo Zdan, Cláudio Zoli e Arnaldo Brandão. E, assim, dizia ao público que a “noite vai ser boa”.
Volta ao repertório de Elis com Corsário, de João Bosco e Aldir Blanc. Essa pra mim, ficou linda demais, nesse momento ele já está ainda mais solto no palco, parecia um veterano de palco. Arranjo, a interpretação, tudo perfeito. Acho que ele sentiu o mesmo, pois ao final da canção disse “tô arrepiadaço”.
E ai vem Nau, de Max de Castro e Daniel Carlomagno e Ventos do Norte do Daniel, que ai sim, são dos amigos de sua turma. Enquanto escrevo, penso que era como se ele apresentasse os seus amigos a sua mãe, o som que eles estavam fazendo, mostrando a mãe o respeito pela música que aprendera com ela e seu pai.
Volta ao repertório de Elis, com Triste de Tom Jobim, e na sequencia, já meio do show chama o convidado, contemporâneo de Elis, Ivan Lins, que agradece ao convite, diz sentir muito orgulho de ver “os meninos” dando continuidade ao trabalho dos pais. Ivan fica sozinho no palco e ao piano, canta pra ela e para os presentes em piano solo, Qualquer dia e Aos nossos filhos, composições do próprio Ivan com Victor Martins, a última dessas canções, ele oferece a “garotada que tá ai!”
Volta Pedro Mariano ao palco, dando ares de estar caminhando para o fim da noite, afinal, as duas músicas seguintes, tem pegada de rock, funk rock. Canta do repertório de Elis, As Curvas da Estrada de Santos, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; e depois de Lenine e Braúlio Tavares, Acredite ou não. Parece que o show termina, digo parece porque o programa é editado. Volta para o bis chamando Ivan Lins para fazerem um dueto e cantam Cartomante. E Pedro encerra. Dessa vez, sem pedestal e colocando toda plateia pra cantar em pé, “Como nossos pais”, na sua versão.
Essas informações estão no DVD da gravação do programa que foi ao ar na CNT/Gazeta, duração de 1 hora, reafirmo que não sei se a ordem do DVD foi a ordem do show. Acredito também que tenha tido outras canções mas não sei informar ao certo. Mas, essas, com certeza, estiveram presentes no primeiro show pra valer de Pedro Camargo Mariano, ele mais tarde deixaria de lado o Camargo, do nome artístico.
Primeiro show para um grande público, apesar de que em alguns Festivais Estudantis já havia se deparado com um grande público, mas um show completo com teatro lotado, esse deve ter sido o primeiro, e na matéria da folha ele disse que não estava nervoso:
“Não estou nervoso. Se posso dizer que herdei algo da minha mãe, acho que foi a perseverança, a crença de que nada é impossível quando se quer as coisas"
SHOW TRIBUTO A ELIS - 22 DE MARÇO DE 1995
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SHOW TRIBUTO A ELIS - 22 DE MARÇO DE 1995
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REPERCUSSÃO E OS PRIMEIROS PASSOS NA CARREIRA
O show do Tuca, exibido dias depois na TV (26/03/95), o mostrou para mais pessoas, afinal, as quatro paredes do Tuca, tinham que ser rompidas. Mostrou um jovem cheio de musicalidade, de bom gosto, afinação, com originalidade, e domínio de palco. Uma perfomance que surpreendeu até o pai, que conhecia o talento do filho, mas ao ver a fita, que o filho fez questão de levar para ele apreciar em Nova York, se surpreendeu.
Pedro ao lado do João também participou de programas como da Hebe Camargo e Jô Soares, e matérias foram pipocando em jornais, como Folha de São Paulo, O Globo, entre outros, não poderia ter repercussão melhor. Tudo isso atiçou as gravadoras a começarem a assediar o jovem, de 19 anos, prestes a completar 20. EMI-Odeon, Sony, Polygram, Warner, Virgin, selo Dubas, dentre outras. Segundo a coluna da Joyce Pascowitch da folha do dia 19/04/1995 (Pedro já com 20 anos), as gravadoras lhes ofereciam até lançamento no mercado internacional; e encerra dizendo “Nem em Nova York - aonde Pedro foi dar um tempo – a turma das gravadoras desgrudou.”
Mas, Pedro Mariano podia ser jovem, mas não foi impulsivo, nem apressado. Teve paciência. Em entrevista para O Globo no começo de abril de 95, disse que não estava com pressa para gravar um disco, pensava nisso para o primeiro semestre de 96, disse: “nunca vi ninguém dar o primeiro pontapé e já no segundo fazer o gol”. Optou por trabalhar seu show, trabalhar na turnê do disco do João Marcello Bôscoli e Cia, que acabou saindo primeiro e que iria se tornar a base do seu Cd, levando dos shows que já fazia, Triste, As curvas da Estrada de Santos e Nau para o seu primeiro trabalho solo.
O 8º Prêmio Sharp da Música Brasileira, que aconteceu no dia 03 de maio de 95, prestou homenagem a Elis Regina. Os organizadores, um deles, a atriz Irene Ravache, queriam reunir no palco os três filhos de Elis, além de César Camargo Mariano. Entretanto, segundo informações do jornal O Globo, César tinha shows em Nova York, Maria Rita não pôde interromper as aulas. Mas, mesmo com Pedro e João no Brasil, como fala a matéria de O Globo, os organizadores tiveram que gastar saliva, e mesmo assim, tiveram que aceitar uma das exigências deles, que era dispensar o grupo escalado para tocar na festa para a apresentação deles que queriam a banda Cia da Música. No final, ficou acertado que seria apenas um trio, João tocaria teclados e Max de Castro guitarra, a canção escolhida: Triste de Tom Jobim.
E ainda em maio de 95, dia 18, ele é o convidado para inaugurar o Projeto “Filhos de Peixe” no Café do Teatro, no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro.
PRIMEIRO CONTRATO, PRIMEIROS SHOWS
Em junho de 95, precisamente, segundo o jornal “O globo”, dia 23 de junho de 95, Pedro Camargo Mariano assina contrato com a Sony Music, ele e João Marcello. João já tinha pronta a concepção do seu disco, e realmente põe a mão na massa e produz.
O garoto, Pedro Mariano, chamava a atenção, e em agosto de 95 recebeu o convite para integrar o grupo de artistas que fizeram uma homenagem ao poeta e cantor Cazuza, no Especial da Globo, Som Brasil. Era o 5º ano sem Cazuza, a gravação foi no Metropolitan do Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto e o show foi ao ar dia 29.
Engraçado, enquanto o nome artístico ainda era o nome completo Pedro Camargo Mariano, o Jornal “O Globo” já reduz por conta, e cita junto a Lobão, Lulu Santos, Cássia Eller, Zélia Duncan, Paulo Ricardo, Kid Abelha, Skank, Barão Vermelho, Sandra de Sá, “Pedro Mariano” que ficou com o clássico “Preciso dizer que te amo”.
Pedro, não esteve sozinho nesse momento, contou com César Camargo Mariano ao piano e amigos próximos, como Max de Castro na guitarra, e, acredito eu, o baterista Albino Infantozzi, além do meio-irmão Marcelo Mariano no baixo. (eu sei,“acredito eu”, em uma biografia, é estranho, mas é a minha biografia, meia boca, mas é assim!) . A renda do show foi destinada para a Sociedade Viva Cazuza e o show ganhou lançamento em CD e LP.
Em setembro os irmãos, João Marcello e Pedro Mariano desembarcaram no Rio para um show no dia 14 no Jazzmania, show esse que eles denominaram – Ensaio Geral – já que o lançamento do CD João Marcello Bôscoli e Cia estava próximo.
(Em entrevista para o bate papo UOL, ele fala de um tombo no palco, no final de um show, e ele diz que era uma estréia no Rio, teria sido nesse show? Ou será que foi aquele no café teatro na Gávea, ou ainda será que foi no lançamento do CD dele em 97? Um detalhe ainda não descoberto).
O lançamento do CD João Marcello Bôscoli estava tão próximo, que aconteceria, no dia 23 de outubro de 95, um show para convidados, no Teatro Villa-Lobos no Rio de Janeiro e depois o lançamento foi para São Paulo, do dia 27 a 29 de outubro no mesmo Teatro Tuca de março desse ano de 95.
Dessa vez, além deles, João, Pedro e a banda Cia da Música, com o Max de Castro, teve no baixo o Edu Martins, e também a presença dos amigos, Simoninha, Cláudio Zolli (todos esses gravaram suas faixas no CD João Marcello Bôscoli & Cia). Além de um convidado, não sei se foi só em um dia ou nos três, mas teve Jorge Ben, pelo menos, no show que foi ao ar pela Band.
Nesse show do Cd João Marcello Bôscoli & Cia, ah ele ficou mais a vontade ainda, além de ser solista nas faixas que gravou para o Cd em questão (Ventos do Norte, Acredite ou Não, Noite do Prazer e Como Nossos Pais), cantou também Triste e as Curvas da Estrada de Santos e quando não cantava, ficava no palco fazendo backing enquanto tocava algum instrumento de percurssão.
Mais uma vez a coluna da Joyce Pascowitch, do dia 28 de outubro, dá a sua nota na folha sobre eles, e com seu bom humor diz:
“Não foi só nos dotes musicais dos rapazes que algumas lolitas prestaram atenção anteontem no lançamento do Cd “João Marcello Bôscoli & Cia. No Tuca, com aval da Sony.
Com camiseta sem mangas e remelexos dignos de Mick Jagger, Pedro Camargo Mariano virou lasagna instantâneo. Apelidado de Coxão”(Folha de São Paulo, 28/10/95)
Curiosidade: “anteontem” no caso da nota acima, não seria dia 27, e sim 26, acredito então que fizeram um show exclusivo para imprensa e amigos, ou ela errou no anteontem...(Dúvida!) Até porque camiseta, pelo menos dessa apresentação que foi ao ar não era sem manga, mas o coxão era dele.
1996
ESTÚDIO: O PRIMEIRO CD
ESTÚDIO: O PRIMEIRO CD
Foi no começo de 96, não sei exatamente a data, que, o então Pedro Camargo Mariano entrou em estúdio para gravação do seu primeiro CD.
O estúdio foi o mesmo do Cd do João Marcello Bôscoli & Cia, Estúdios Mosh. O primeiro cd foi produzido por João Marcello Bôscoli, que também foi baterista em algumas faixas, as vezes só ele outras vezes juntamente com Albino Infantozzi; Violões e Guitarras Max de Castro, exceto Passado que o violão foi feito por Tuco Marcondes. Em Temporal e O Silêncio das Estrelas e Se ela quer ou não, não teve nem violões e nem guitarras. O baixo no Cd ficou por conta de JJ Franco, Edu Martins e Marcelo Mariano; os teclados Daniel Carlomagno e Keko Brandão. A faixa Bom dia e Lua pra Guardar foram recheadas com uma orquestra (violinos, violas, cellos).
Os arranjos ficaram a cargo dos mais próximos como tem que ser: João Marcello, Daniel Carlomagno, Max de Castro, Keko Brandão e o Armando Ferrante Jr., com quem ele já havia trabalhado na época que gravava campanhas publicitárias.
Nesse primeiro CD ele optou por ter consultora vocal, e quem trabalhou nisso com ele foi Maria Alvim. E uma coisa interessante no encarte, é que em um momento em que a tecnologia começava a transformar qualquer um em cantor é a frase “todas as vozes do Pedro são gravadas em take únicos, sem emendas”. Todas as vozes do Cd foram gravadas pelo técnico de som que o acompanha em vários momentos de sua carreira até os dias de hoje, Luis Paulo Serafim. E desde esse primeiro CD, o próprio Pedro faz os backings.
A abertura do Cd foi com Triste, canção que o acompanhou no primeiro ano de carreira, tanto no show Tributo no Tuca, como também no Prêmio Sharp, e, acredito eu, nos programas de TV que se apresentou, e nos shows do João Marcello Bôscoli e Cia, além dessa, Nau, que vem desde a Confraria, e As curvas da Estrada de Santos, essas canções deram o norte para o CD. Essa canção do Roberto e Erasmo gosto muito da versão do Pedro e gosto mais por pensar que era isso que ele realmente queria dizer no começo de sua carreira, “se você pretende saber quem eu sou eu posso lhe dizer, entre no meu carro” penso que o “carro” é a sua música, era o que ele queria mostrar, e a “estrada de santos”, ela foi e está sendo construída, é a sua carreira.
Além de Tom Jobim, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, Daniel Carlomagno e Max de Castro, compositores dessas canções já citadas, o Cd conta também com canções de outros compositores, como Djavan (Temporal) , Lenine e Dudu Falcão (O silêncio das estrelas), Cazuza (Pro dia Nascer Feliz), e a faixa Passado dos amigos Simoninha e Max de Castro com o irmão João Marcello.
A canção “O Silêncio das Estrelas”, recentemente, Pedro contou que ganhou de Lenine, após um show do Lenine em que ele participou.
Normalmente em uma grande companhia como a Sony, é de praxe gravar artistas da editora, e não foi diferente com o Pedro, lhe deram duas canções, Encontros e Lua pra Guardar, de Léo Henkin, segundo entrevistas ele não estava disposto a gravar Lua pra guardar, já havia escolhido Encontros, que é uma canção que em entrevista na época era uma das que mais gostava. Mas a gravadora queria também Lua pra Guardar, e como era o primeiro cd não teve como não fazer. E a canção fez sucesso, a gravadora conseguiu inseri-la na novela Anjo de Mim (Rede Globo 9/9/96 a 28/3/97). Fato é que essa canção as vezes é pedida pelos seus fãs, hoje em dia nem tanto mais, mas pediam...E quer saber, pra mim, ela está entre as 5 mais do disco...eu imagino se ele tivesse curtido fazer a canção como ela não ficaria.
E temos ainda nesse primeiro Cd do Pedro, além de Max de Castro e Daniel Carlomagno na parceria de Nau, canções individuais de cada um deles como Bom dia e Se ela quer ou, respectivamente.
A mixagem do disco também ficou a cargo de Luis Paulo Serafim, e se não me engano foi nesse período da mixagem que Simoninha o apresenta ao músico e compositor Jairzinho, que estava em Férias no Brasil, vindo de Boston, da Berklee College of Music. Na época acho que era assim que era apresentado, hoje, com todo respeito, Jair Oliveira. Nesse encontro trocaram as primeiras palavras, mas só um pouco mais tarde se encontrariam musicalmente, quando Jair retorna definitivamente para o Brasil e começam os encontros nas tardes de sábado para umas partidas de futebol na casa de Jair Rodrigues.
FESTIVAL DE JAZZ DE MONTREUX
Em 96 ainda, depois de gravar seu primeiro cd, acontece outro grande marco da carreira. César Camargo Mariano faz uma ligação e o convida para um dos maiores Festivais de Jazz, Festival de Jazz de Montreux. A participação dele aconteceu no dia 06 de julho de 1996; mas para falar desse Festival o melhor é transcrever as próprias palavras do Pedro postada em seu blog, em 2009, como foi postada no blog, há algumas brincadeirinhas no texto, que quem o acompanhava na época entende, mas explico antes para os desavisados:
Sobre o “karaokê” era época que o baixista da banda era o Leandro Matsumoto, o Japa, (voltou) e já que tinha um japa em sua banda, ele apelidou o momento dos hits do show em formato acústico, e até com banda, em que ele coloca todo mundo para cantar, como “momento Karaokê”, ele dizia que pensava em fazer descer uma tela e nela seria exibida imagens bucólicas, (normal dos karaokês) e o Matsu ficaria com a lanterna apontando a letra...ah! segurando a lanterna com a boca, claro, já que teria que continuar tocando.
Sobre o “sem pagode” dias antes dessa postagem original em seu blog, em um show no Rio, ele reclamou justamente de um pagode que tocou a noite toda ao lado do hotel em que ficou hospedado.
Segue agora o relato da testemunha ocular, Pedro Mariano, sobre o Festival de Jazz de Montreux de 96 e de quebra um Pedro "pessoa física:
“Em 1996 eu estava vivendo um turbilhão de acontecimentos. Tudo acontecia muito rápido, e para me acostumar às mudanças foi um pouco difícil. No ano anterior, eu havia feito o show em homenagem à minha mãe, no TUCA em SP, que além de muitas matérias nos principais jornais do país, me mostrando para o mundo pela primeira vez, rendeu também um contrato com a Sony Music do Brasil para a gravação do meu primeiro disco como cantor.
Antes de gravar este primeiro disco, participei da gravação do disco João Marcello Bôscoli & Cia., juntamente com Simoninha, Claudio Zoli, Max de Castro, Daniel Carlomagno, Milton Nascimento e outros.
Após este disco ficar pronto, entramos em turnê, e já pude testar uma série de músicas que vieram a entrar no meu primeiro disco (aquele verdinho, “Pedro Camargo Mariano”).
Este disco ficou pronto no meio do ano de 1996, e durante o processo de mixagem, recebi em casa uma ligação do meu pai, que já morava no EUA. Nessa ligação ele me convidava para participar, com ele, de um show no “Festival de Jazz de Montreux”, em Julho, na Suiça, numa homenagem à minha mãe.
Essa apresentação homenagearia a apresentação que minha mãe fizera neste mesmo festival. Em tempo: ao final de sua apresentação, ela foi aplaudida durante 11 minutos seguidos. Este furor foi registrado em disco, mas como durou muito tempo, colocaram só um pouquinho para dar vontade!
Nota: foi a primeira vez que fui convidado pelo meu pai para exercer minha profissão. Já tínhamos feito coisas juntas, mas nada público.
Perguntei a ele o que tinha em mente. Ele me disse que iria fazer um show aonde ele faria uma parte instrumental com algumas músicas dela, depois chamaria alguns convidados; pela ordem João Bosco, Pedro Mariano e Milton Nascimento.
Gelei. Nunca tinha saído do país para uma apresentação como artista solo, e de cara iria dividir as atenções com essas feras.
Depois perguntei como seria minha apresentação. Ele me disse que eu cantaria “Triste” com a banda, “Se Eu Quiser Fala Com Deus” em piano e voz e “Maria, Maria” com o Milton Nascimento.
AAAAAAAAAAHHHH Tá!!!!! Como se fosse a coisa mais normal do mundo! Vou viajar até a Suíça, fazer uma homenagem à minha mãe, cantando piano e voz com meu pai, e de quebra fazendo um dueto com o Milton Nascimento? Super normal!
Para ele disse na maior tranqüilidade: “Beleza!! Que horas é o vôo? Que roupa eu levo?” Uma brincadeira que fazemos sempre.
Ao desligar o telefone, um certo pânico tomou conta de mim, mas uma sensação boa, e ao mesmo tempo uma insegurança. Queria que desse tudo certo. Não queria desapontar o meu pai, por estar me escolhendo para fazer parte dessa apresentação.
Nesse meio tempo o disco ficou pronto e aproveitei para ficar com uma cópia para mostrar para meu pai quando fosse para a Suíça.
Tudo pronto para viajar. Eu estava indo com meu empresário, na época o César Bekerman. Deixei que ele visse toda a logística: hotéis, traslados, passagens, enfim, tudo.
Da produção do evento só nos forneceriam o hotel, então teríamos que resolver a parte aérea. O Cesinha me ligou e disse que por ser Julho, estava tudo lotado, e só conseguiríamos viajar em pacotes turísticos, ou seja, ficar mais tempo que o necessário.
Eu tinha que chegar dois dias antes do show para ensaio e ir embora do hotel no dia seguinte ao show, com isso somavam-se 4 dias de hospedagem. O Cesinha só tinha conseguido passagem para 1 semana o que nos deixa 3 dias na rua. Resolvemos ver isso quando chegássemos lá, porque não tínhamos noção de preços. E como bons aventureiros compramos as passagens para 1 semana, hotel para 4 dias e 3 dias de pernadas nas ruas da Europa.
Cheguei lá pousando em Genebra, um carro da produção veio nos pegar no aeroporto e rumamos para Montreux.
As estradas, a natureza, tudo era mágico. Parecia aquelas fotos de embalagem de chocolate caro. Montanhas altas com neve no cume, muitas pastagens, lagos (lembrei das fotos que poderiam ser colocadas no momento “karaokê” do show acústico!!). Tudo muito bonito e novo.
Algumas horas depois estávamos estacionando no hotel, onde no saguão meu pai, a Flavia (sua esposa), o Oscar, irmão da Flávia e toda a banda estavam papeando. Celebrações a parte, rumei para meu quarto deixar as malas e correr pra ver tudo, porque ensaio mesmo só no dia seguinte.
Meu quarto era sensacional, parecia saído de um filme do Coppola. Antigo, rústico, mas extremamente aconchegante. O frio do lado de fora não incomodava por conta do aquecedor ligado, e uma vista do lago Leman absolutamente mágica.
Saímos para dar uma volta e logo de cara vi uma loja de quê?! CHOCOLATE!! (por que será né?) Comprei o maior Toblerone que já vi. Tinha 1 metro de comprimento!! Levei dois porque já sabia que um ia ficar na Suiça.
Passeamos pela “orla” do lago e lamento não ter mais as fotos. Não era época digital, e acabei perdendo quase todas as fotos, mas vou dar uma olhada e ver se encontro alguma coisa.
Escureceu e saímos para jantar em um restaurante de comida portuguesa, muito gostoso! A nota ficou por conta de um barco que margeava toda a “orla” do lago com uma banda a bordo tocando para quem estava na terra. A banda em questão era a “Ásia de Águia”.
Alguns vinhos e quilos depois, fomos para o hotel. Fui dormir quase 5 da manhã por conta de um bate-papo com meu pai, só eu e ele, que foi responsável por toda amizade e respeito que nutrimos um pelo outro. Nunca tínhamos sentado para conversar daquele jeito, e como eu já morava longe dele haviam dois anos, foi muito bom para ambos. Fui para o quarto e tive uma das melhores noites de sono da minha vida. Leve, profunda e sem pagode!
Acordei, fui tomar café com o Cesinha, e nos dirigimos para o ensaio.
O ensaio foi montado dentro do hotel, em um salão de convenções. Colocaram um piano, uma bateria e dois amplificadores para guitarra e baixo, além de dois microfones. Um meu e o outro do Milton Nascimento. Começou a cair a ficha.
Fui ensaiando com meu pai o piano e voz, afinal era a primeira vez que faríamos isso. Depois de um tempinho partimos para a música com a banda. No meio dessa música chegou o Milton. Nota: eu o conheço desde que nasci, não há formalidades, mas uma coisa é o Bituca, outra é cantar com o Milton Nascimento.
Pedro Mariano_Milton_Marco Mazzola |
A coisa estava fluindo tão naturalmente que me vi, de repente, dizendo para o Milton: Voce pode entrar aqui, canta até aqui e eu vou daqui em diante, etc.! Oh, audácia!!
Mas o Milton é isso mesmo. De uma gentileza, uma humildade que faz você pensar que ele é igual a você.
Passamos tudo, foi muito gostoso.me dando a sensação de que teríamos um noite especial.
É tradição neste Festival, um almoço dado pelo organizador do evento, Claude Nobles, em sua casa,para todos os participantes. A festa ocorre nos jardins de sua casa. Já sabíamos de algumas atrações que haviam confirmado presença, como Phil Collins e Quincy Jones. Pirei!!!
Ocorre que pelo meio da manhã, uma chuva enorme assolou a cidade. Adivinhem o que aconteceu?Caiu o almoço, e eu que iria conhecer Phil e Quincy, dancei!! Artista brasileiro...
Resolvemos então ficar por perto do hotel, e dar uma volta em uma feira que acontece durante todos os dias de festival, às margens do Leman. Nessa feira acontece de tudo. Feira gastronômica, música, artes em geral. Voce vê palcos montados com uma distância de poucos metros uns dos outros, com artistas absolutamente distintos tocando e em cada palco, um pequeno público sentado assistindo, tranquilamente, com suas famílias.
Assistimos a vários shows. Depois entramos no complexo onde aconteceria o show do dia seguinte e assistimos alguns trechos de outros artistas. Saímos já era noite. Paramos no caminho para o hotel em um restaurante minúsculo, onde comi o melhor risoto de frutos do mar da minha vida.
Voltamos para o hotel e cama!
No dia seguinte o trivial do dia de show: café-da-manhã, pega as tralhas e vamos passar o som. Correu tudo bem e voltamos para o hotel para nos arrumar para a batalha!
Chegando ao teatro, na Sala Stravinky, fomos para o camarim e primeira emoção: um camarim com meu nome na porta!
Caminhando pelos corredores do teatro, vários artistas se preparando para entrar em cena, se aquecendo, porque vários shows acontecem ao mesmo tempo. É muito divertido. Vi, por exemplo, Maria Bethânia aquecendo sua maravilhosa voz no camarim ao lado do meu.
Eis que chega a hora! Estava tão concentrado e tão nervoso que as lembranças dos minutos antes do show são embaçadas. Sei apenas que fiquei no backstage, onde tinha um monitor de TV passando o show, assistindo a tudo, tentando entrar no clima do palco. Músicos brasileiros estavam lá e um bate-papo muito engraçado rolava, tirando a tensão do momento.
Meu pai me chama e lá vamos nós. Detalhe: durante a passagem de som levei ao palco um caderno com a letra da música escrita, já antevendo que o nervosismo não me deixaria decorar tudo. Ao sair do palco esqueci o caderno lá. A produção era tão competente que quando entrei no palco, o caderno continuava lá. Para minha sorte. E o pior, está lá até hoje!! Esqueci de tirá-lo após o show.
A performance de todos foi mágica, tudo correu como imaginado. Foi uma delícia. E apesar de minhas apreensões, meu dueto com o Milton foi muito legal. Nota: combinamos que o traje no palco seria o terno. Coloquei um terno preto com gravata laranja e no pé um sapato...laranja!! Não podia deixar de ser artista!! Quando voltei ao palco, pela segunda vez, para cantar com o Milton, ele estava bem descontraído, com uma camisa branca e seu tradicional chapéu. Achei que meu uniforme estava demais. Conforme fui entrando no palco cantando, tirei o paletó e a gravata. Acabou virando um momento do show. Joguei a gravata longe. Tão longe que ela também está lá até hoje.
Saí do palco meio sem saber o que estava acontecendo. Quando vi estava com um alemão ao meu lado, pedindo autógrafo e tirando fotos comigo. Meu primeiro autógrafo internacional. Ainda bem que registraram em foto o momento.
Depois de festejarmos o momento, o baterista Mark Walker e o baixista Leo Traversa, ambos americanos, viraram para mim e perguntaram se eu queria ver o show do Marcus Miller que acontecia no outro palco do complexo. Eu disse que não tinha convite e eles me disseram que minha credencial era o convite! Saímos correndo e conseguimos pegar algumas músicas do show. Super experiência!
Saímos para jantar, confesso não lembro onde! Fui dormir e no dia seguinte começou a aventura da pessoa física.
Sem ter mais reserva no hotel, eu e o Cesinha resolvemos ver o que faríamos. Decidimos que iríamos naquela manhã para Genebra e de lá para Paris, tudo de trem. O primeiro trecho de trem comum e o segundo de TGV, o trem bala europeu.
Fomos a estação e compramos as passagens, voltamos para o hotel e o Oscar, meu tio “torto”, com seu francês hábil reservou um hotel para nós em Genebra. Do outro lado da rua da estação de trem. Pegamos as malas e fomos à luta.
A viagem foi agradável, calminha e chegando em Genebra resolvemos nos libertar das etiquetas (muito mais pela falta de grana, do que por qualquer outra coisa), afinal só restaurantes de barão em Montreux, tínhamos que voltar à Terra. Primeira refeição do dia foi no Burger King!!!
Nos vimos sem pilhas e sem filme para as câmeras, e do outro lado da rua da lanchonete tinha uma loja de filmes e afins. Entrei e peguei uma pequena fila, onde reparei que o casal à minha frente falava português. Estavam carregando seu videocassete para consertar. Pensei: chique, hein? Consertando o videozinho do apezinho em Genebra!!!
Esperei mais um pouco na fila e comecei a ter a sensação de que já tinha ouvido a voz daquele senho e a cara dele não me era de toda estranha. Fui esperando, quando de repente eles se viram e eu o reconheço: Edir Macedo.
Naquela época tinham sido veiculados na TV aqueles vídeos dos cultos no Maracanã, onde sacos e sacos de dinheiro eram carregados nas costas de ajudantes. E a pergunta: “onde anda Edir Macedo?” era repercutida em todo lugar.
Não tive dúvida, desisti dos filmes e das pilhas e saí correndo de lá com medo de ter uma câmera escondida e minha carinha aparecer no Fantástico!! Olha quem foi achar o cara!!
Continuamos a curtir Genebra pelo chão, mas como só se curte Genebra de dentro de um banco, no dia seguinte fomos para Paris.
Como não tinha mais o meu tio e o seu francês para me ajudar, fui no inglês mesmo e descobri que ao chegar em Paris era só procurar os quiosques de ajuda ao turista que eu conseguiria uma reserva em hotel. Fomos para a estação, compramos os tickets para o TGV e no dia seguinte, Paris, uh-lah-lah!
Andar de TGV e muito louco!! Dentro você tem a sensação de que está parado, mas basta olhar a janela que você vê tudo borrado devido à velocidade. Um velocímetro colocado em todas as cabines diz a velocidade de momento e chegamos a 250km/h e nem fez cócegas.
Em menos de três horas estávamos em Paris. Fomos ao quiosque do turista e ao fazermos a reserva no hotel que tínhamos indicação, descobrimos que Paris estava LOTADA!! Afinal era julho!! Conseguimos uma diária para aquela noite, ou seja, tínhamos a dia para ver a Torre e o que mais desse.
Saímos correndo, chegamos ao hotel, largamos as malas e voamos para o metrô. Quando chegamos à torre; magia!!! Que lugar maravilhoso, a vista, tudo. Saímos de lá e fomos até o Café De La Paix, um bistrô que fica ao lado do Opera de Paris.
Comemos um pouco e, coincidentemente, após sairmos de lá, passamos em frente ao Olympia, Casa de show famosa onde minha mãe fez algumas apresentações, e qual foi a minha surpresa ao me deparar com uma foto dela na entrada do teatro, juntamente com outras fotos de grandes estrelas internacionais que também tinham se apresentado lá. Emocionante!
Corremos até a Champs Elisée e cama!!
Tinhamos um problema. A nossa diária acabaria no dia seguinte de manhã, portanto não poderíamos dormir sem antes saber o que faríamos depois. O Cesinha teve uma idéia: “Vamos para a Euro Disney!” Eu pensei comigo: Se Paris está lotada, o que faz ele pensar que a Euro Disney vai estar vazia?!
Peguei o telefone e liguei para a central de reservas da Disney. Lá fui atendido por uma moça que descobri depois era portuguesa e me ajudou bastante a resolver o problema. A Disney, acreditem, estava VAZIA! Conseguimos quartos ótimos, dois dias de parque e passagem de trem direto para o aeroporto a um preço inacreditável. Não tivemos dúvida: Mickey, ai vamos nós!!!
Lá chegando, volta-se a ser criança. Como um dos meus lazeres prediletos é parque de diversões, fui ao paraíso. Foi muito legal, realmente não estava cheio e deu para curtir muito.
Passados os dois dias, juntamos as tralhas e pegamos o trem para o aeroporto. Depois disso foi tudo igual a qualquer viagem: chek-in, avião, sono...
Realmente foi uma viagem inesquecível. Por tudo que aconteceu em todos os detalhes. Eu muito jovem tendo essa oportunidade, não teve preço.
Espero que tenham gostado tanto quanto eu!!
DE VOLTA AO BRASIL
De volta ao Brasil, mais um momento interessante em sua vida, não posso dizer que tenha sido inesquecível para ele, já que não perguntei a ele, mas posso dizer, pra mim é, no mínimo, interessante. Foi convidado por Carlos Miéle da M.Officer para o desfile de sua marca para o então Morumbi Fashion, que aconteceu dia 25 de julho de 96.
Mais uma nota da Joyce Pascowitch (adoro as notas da Joyce)
"- Além do empresário João Paulo Diniz e da arteira Lina Kim, mais dois novatos da passarela vão dividir os holofotes com os top no desfile da M.Officer este mês, no Morumbi Fashion Brasil.
Os mais petutinhos, João Marcello Bôscoli e Pedro Camargo Mariano, filhos de Elis Regina, já disseram sim a Carlos Miéle.” (Folha de São Paulo, 05/07/96)
Em 1996, o jovem Pedro, que ainda não tinha cd solo lançado, participa de mais um projeto, dessa vez, uma pequena participação no CD “Olhos da Noite” de Rafael Altério, na canção “Sol e Lua” composição do próprio Rafael com a esposa Rita.
Portanto, antes mesmo do CD “Pedro Camargo Mariano” chegar ao mercado, 7 canções, em 4 Cds ganharam registro de sua linda voz CDs: “João Marcello Bôscoli & Cia”, “Som Brasil Cazuza” e “Olhos da noite” e na novela “Anjo de mim” (a canção Lua pra Guardar é do Cd, mas chegou primeiro no CD da trilha sonora da novela).
1997
PRIMEIRO CD - PEDRO CAMARGO MARIANO - SONY
Em julho de 96 o Cd já estava pronto, mas só em março de 97 chegou às lojas, pelo menos essa é a nota da coluna da Joyce Pascowith (sempre a Joyce)
“Chega às lojas com capa assinada por Bob Wolfenson – e produção de Emanuela Carvalho – o Cd Pedro Camargo Mariano, filho de Elis Regina e César Camargo Mariano”(Folha, 03/03/97).
Em 23 de abril de 97, aconteceu a gravação do primeiro videoclipe da carreira profissional do Pedro Mariano, (já que gravou um clipe para a MTV da canção do Festvalda), a faixa escolhida do seu primeiro Cd para o clipe foi Encontros, que foi dirigido por Hugo Prata, o mesmo que irá dirigir o filme para o cinema sobre Elis. A fotografia do videoclipe foi de Adriano Holdman.
Em show ele disse que Encontros foi a primeira canção dele que ouviu tocar em rádio, no entanto, a novela Anjo de mim é de setembro de 96 e a canção Lua pra Guardar entrou na trilha sonora da novela, e essa também tocou em rádio, mas deve ter sido a segunda música de trabalho. E só para constar, agora em 2015, 19 anos depois de ter sido lançada em novela, ela entrou na programação da Nova Brasil FM, já que na época do lançamento do Cd a rádio ainda não existia.
Apesar do CD, segundo a nota, chegar ao mercado em março, somente no final de junho vieram as criticas, e diga-se de passagem as críticas, dos ditos “críticos” nunca foram muito positivas, um ou outro cd caíram pouco mais no gosto deles. Elogiam sempre a interpretação, mas sempre tem um porém no trabalho, nesses anos acompanhando a carreira e as críticas, senti que o grande “problema” parece ser a expectativa que os críticos tem sobre o trabalho que é lançado. Meu ponto de vista, é que se o Pedro lançar um CD só com compositores consagrados às críticas seriam bem melhores. (opinião pessoal)
No caso do primeiro Cd “Pedro Camargo Mariano” da Sony, fiz um apanhando das críticas publicadas em dois grandes jornais: O Globo e da Folha de São Paulo.
A Manchete de O Globo diz: “MPB soul do filho de Elis” primeira parte da matéria fixou mais em cenário do início da carreira e a chegada do disco ao mercado, fala superficialmente, sobre as músicas que: “foi regada pelas fontes negras americanas”.
Na mesma página a crítica com o título “Pedro Camargo Mariano: Falta identidade, mas disco confirma o bom intérprete”, na integra da matéria tem o reforço: “que repertório, arranjos e instrumental não ajudem a focalizar uma identidade a altura do talento de Pedro Camargo Mariano”, mas fala também as “interpretações marcadas por um legítimo acento soul dão a esse disco a unidade”. Repertório é dosado entre clássicos e inéditas, e no final da matéria, diz o crítico Antonio Carlos Miguel “Pedro mostra talento para transformar chumbo em ouro”
Já a Folha de São Paulo publicou 3 textos sobre o Cd, um deles do compositor Bernardo Vilhena, e a chamada era: “Nasce o cantor de uma nova geração ousada e tecnológica” ele fala da herança cultural e genética do Pedro Mariano e faz uma constatação, “há muitos anos não surge um cantor no Brasil”... “Pedro Camargo Mariano tem uma bela voz e divide com uma facilidade que há muito tempo não se ouve. E, se lembrarmos que a divisão é a principal responsável pelo suingue, a coisa começa bem”.
E o que eu mais amei em todo o texto:
“Essas são apenas algumas anotações de um trabalho que tem uma notável influencia da música dos pretos. Os que identificam apenas a soul music não sabem o que estão perdendo. A divisão quebrada é samba na veia e, em certos momentos, a fúria na interpretação é típica dos cantores de rock”.
Os outros dois são assinados por Pedro Alexandre Sanches, um, que recebe o título de “Filho de Elis lança disco “trabalhado” é apenas um release do Cd e da história sobre a demora entre a contratação e o lançamento do cd e sobre a influencia da Black Music; já o outro texto “A estreia não chega a ser consistente”, vem a crítica forte. O crítico rotula o som de “pop-funk-soul de mauricinho” e por conta de achar que funk soul, não combina com o universo “mauricinho” em que ele enquadra o Pedro. O crítico sentiu um vazio programático. Ele diz ainda que o disco é “correto em todos os aspectos, mas não é brilhante em nenhum”; critica os maneirismos vocais. Para o crítico as melhores faixas, Se ela quer ou não, Passado, Encontros e Lua pra guardar, que pra ele são “deliciosamente melódicas”. Encerra o seu texto dizendo que o funk-soul não ganha corpo. Elogia o “romantismo elegante mauricinho” (mais uma vez) e que nessa pegada “até evoca a figura da mãe mito”
ALGUNS MOMENTOS DE 1997
Pelo acento funk soul do Cd, e, praticamente os críticos rotularem o som de Pedro Camargo Mariano como Black Music, e por ele mesmo estar sempre perto dessa atmosfera é convidado a fazer parte do Projeto encabeçado pela banda black, Unidade Móvel. A ideia era resgatar, segundo a nota na folha sobre o show, o formato de programa de auditório de Black Music norte americana, o local escolhido, Sesc Pompéia, dia 20 de junho de 1997.
Além de Pedro Mariano os outros convidados foram: Skowa, Lady Zu, Thaíde, Claudio Zoli, João Marcello Bôscoli e Marcelo Munari. Infelizmente não tenho informações de como foi a participação do Pedro e nem qual foi a canção ou se foram “as canções”.
Praticamente um ano depois de ter cantado no Festival de Jazz de Montreux em homenagem a Elis, recebe mais um convite para ser um dos artistas a homenagear Elis no Especial Som Brasil da Rede Globo. Dias antes Milton Nascimento confirma presença para o show e no dia 08 de julho de 1997, mais uma vez, ele e Milton fazem o duo encerrando o show com “Maria Maria”, ficou lindo! Antes, porém, Pedro cantou acompanhado pela banda de amigos, com João Marcelo na bateria, a canção de Ivan Lins e Vitor Martins “Aos Nossos Filhos”.
Ele entrou para interpretar “Aos nossos filhos”, após ser exibido trechos de vídeos de Elis falando dos filhos e cantando essa canção, ele surge pra interpretá-la também. A última frase dela no vídeo, antes de Pedro entrar é “eu sei o que eu quero, fundamentalmente que meus filhos cresçam bem” ai surge ele sentado no chão, tal qual a Elis a interpretou no show “Grandes Nomes – Elis Regina Carvalho Costa”, da Rede Globo de 1980.
Pedro surge todo de azul. Um tom cinza bem claro na calça e a camisa com azul forte, e uma luz azul, e ele solta sua voz serena, limpa, depois no meio da canção levanta do chão para continuar cantando com força o restante da canção. A interpretação que Elis faz no especial é o tempo todo sentada.
Além de Pedro e Milton outros artistas que participaram da “festa” foram: Alcione, João Bosco, Angela Maria, Zizi Possi, Ivete Sangalo, Nana Caymmi, Sandy, Marina Lima, Sandra de Sá, Renata Arruda, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Fafá de Belém.
Pedro Mariano no Som Brasil Elis Regina - Globo - 1997
https://www.youtube.com/playlist?list=PLF8e_hFue3bFfdDvA7rQ2XUd5ElJCgpQl
Além de Pedro e Milton outros artistas que participaram da “festa” foram: Alcione, João Bosco, Angela Maria, Zizi Possi, Ivete Sangalo, Nana Caymmi, Sandy, Marina Lima, Sandra de Sá, Renata Arruda, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Fafá de Belém.
Pedro Mariano no Som Brasil Elis Regina - Globo - 1997
https://www.youtube.com/playlist?list=PLF8e_hFue3bFfdDvA7rQ2XUd5ElJCgpQl
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Teve ainda no segundo semestre de 97, Pedro Mariano na 2º edição da Cd EXPO (Feira do Mercado da Música da América Latina). Essa “Expo” aconteceu no Pavilhão de exposição do Riocentro em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, de 29 de julho a 03 de agosto de 1997.
Foi a festa de lançamento dos CDs Single, inclusive o CD Pedro Camargo Mariano teve sua versão single, 2 cds transparentes, um vermelho e outro verde. E, claro, feira de Cd teve muitos shows, li matéria que falava de uns 80 shows, e os destaques foram Arnaldo Antunes, Gabriel O Pensador, J.Quest, Planet Hemp, Falcão, Pedro Camargo Mariano e Fundo de Quintal. Segundo consta Pedro Mariano se apresentou no dia 01 de agosto no palco principal da feira.
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Mais uma vez, o Tuca, agora em 97, (21/08/97), se torna palco para mais uma apresentação de Pedro Camargo Mariano e João Marcello Bôscoli, eles foram convidados pelo diretor do Teatro do Tuca, Sérgio Rezende, a fazerem um show em homenagem ao aniversário da PUC (51 anos).
O PADRINHO MUSICAL
O Projeto “Novo Canto” da rádio JBFM apresentava novos talentos de nossa música, e todos os novos talentos recebiam um convidado, o “padrinho”. Em 1997, o Terraço Rio Sul, do Shopping Rio Sul, era palco para a apresentação das estrelas. E, em 24 de setembro de 1997, Pedro Camargo Mariano foi o nome escolhido para se apresentar, e, João Bosco, o seu padrinho.
Lembro que uma vez o Pedro falou a respeito desse show, disse que era começo da carreira e que se apresentou ao lado de João Bosco, que ele é o seu “padrinho” e que em homenagem ao João Bosco criou o hábito de se despedir em seus shows com um: “obrigado, geeente!” Pois é assim que João agradece. Tanto que um dos álbuns do João Bosco tem esse nome.
Nesse dia do show, saiu uma pequena matéria no “O Globo” o título era: “Tiete e ídolo no palco”, a matéria dizia que João Bosco estaria presente mais como espectador do que qualquer outra coisa. E esse termo, “espectador” se justificava pela frase no final da matéria que é atribuída a João. A pequena matéria falou sobre a relação João e Pedro. João disse que conhecia o Pedro desde bebê, mas que só no ano passado, então 1996, no Festival de Montreux, que ele, João também esteve presente, e só ali se deparou com o cantor Pedro. E foi nesse dia de 96 que Pedro lhe fez um convite para que o apadrinhasse em um show carioca, ele prontamente aceitou e o dia chegou! Recentemente vi uma entrevista do Pedro em que, Pedro disse que foi a produção do Projeto que pensou no João Bosco para apadrinhá-lo e que coincidentemente o João seria o escolhido. E a matéria de o Globo encerra com as palavras de João: -“Vou lá para me emocionar, para me orgulhar dele.”
Segundo o Pedro, o João Bosco abriu a noite cantando duas canções e depois o chamou e juntos cantaram Corsário.
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É! 97 foi um ano do lançamento e li várias matérias se referindo a ele assim: “Pedro Camargo Mariano o artista da MPB mais badalado do momento.”
Arquivo de Aline Pedroso |
Rolou o primeiro show no Programa Bem Brasil da TV Cultura (palco do Sesc Interlagos) dividindo o programa com Daúde (16/11/97).
O programa foi ao ar no dia 07/12; se apresentou no Teatro Sesi da Paulista em São Paulo (18/11/1997); Teatro Sesc São Carlos (29/11/97). Além das cidades já citadas anteriormente ainda fez Sesc Santos (05/12/97) e Sesc Pompeia 11 a 13 de dezembro. Convidado também para show de inauguração da Saraiva Music Hall do Shopping Eldorado (17/12/97).
Arquivo de Aline Pedroso |
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Em um bate papo da UOL nesse início de carreira apareceram os amigos da adolescência, o Daniel Porciúncula que fez parte da Banda Confraria, e alguns colegas do Pueri que ele não se lembrava, mas uma delas fez questão de dizer: “eu era aquela garota que ficava vermelha de tanto rir das suas piadas na arquibancada”... e depois complementou “desde os tempos do Pueri eu tinha certeza de que você iria começar a cantar!! Voce sempre foi um cara mais do que demais e tem uma ótima voz, além de ser um bom contador de piadas”.Mais uma característica de Pedrinho, o piadista do colégio.
1998
Arquivo de Aline Pedroso |
Arquivo de Aline Pedroso |
Em 98 a Rádio Musical FM era a rádio em São Paulo que abria espaço para a MPB, e foi o segundo ano de parceria com o selo Dabliú lançando o CD “Gema do ovo 2” que nada mais era que uma coletânea pra mostrar o novo panorama da nossa música, os novos talentos. O palco para o lançamento do CD de 98 foi o Sesc Vila Mariana. Claro que Pedro Camargo Mariano não podia faltar nessa coletânea e a canção foi Encontros.
O lançamento do Cd se deu em 4 dias de show, de 2 a 5 de julho, e em cada dia 5 artistas: Pedro se apresentou no primeiro dia ao lado de Ceumar, Daisy Cordeiro, Paulo Padilha e Laura Finocchiaro.
Ainda em julho, Pedro Mariano mostra, mais uma vez, seu lado cidadão e se junta a outros artistas na campanha “Nordeste Urgente” que aconteceu no Memorial da América Latina, foram noites e noites de shows e a entrada eram 3 kg de alimentos, e em cada dia, um tipo de alimento.
O show do Pedro, pelas notas dos jornais aconteceu no dia 04 de julho e o alimento do dia foi leite em pó.
Nesse mês de julho de 98 a agenda foi concorrida, principalmente nas duas últimas semanas, ele fez uma temporada de terça a quinta (21,22 e 23; 28,29 e 30) no Teatro do Crowne Plaza, hoje não existe mais esse teatro.
Esses shows contaram com participação de Jair Oliveira, na época, Jairzinho nos violões, além de Max de Castro que tocava na banda do Pedro, Edu Martins no Baixo e Tuto Ferraz na Bateria e Keko Brandão nos teclados.
Esteve presente na Festa da MTV em agosto de 1998.
Esteve presente na Festa da MTV em agosto de 1998.
Já participando do Projeto Artistas Reunidos e se apresentando as segundas no Supremo, ele aproveita e começa a apresentar o seu show por lá, como foi no começo de novembro de 98 se apresentando de quinta a sábado.
Em novembro de 98 também é convidado para fazer parte do elenco de artistas do especial da TV Record, pelos 50 anos - Recorda Show - convidado para cantar Como Nossos Pais no especial referente aos anos 70.
Em novembro de 98 também é convidado para fazer parte do elenco de artistas do especial da TV Record, pelos 50 anos - Recorda Show - convidado para cantar Como Nossos Pais no especial referente aos anos 70.
Palavras de Tom Zé
"Quando chega ao ponto que já floresce alegria, ah! Meu senhor tem muita coisa atrás, Nossa Senhora! Por exemplo, Artistas Reunidos, meia dúzia de rapazes, que um pensa de uma maneira, resolve o problema de um jeito, tenta uma conformação, uma visão de mundo de um jeito, outro faz pelo avesso, outro pelo avesso faz, tocando junto por que eram amigos, mas cada um, com uma vibração da Luz completamente diferente.
Então a gente tem essa coisa plural de vários artistas, cada um se caminhando, se desdobrando em ideias, enfim, uma alegria, uma felicidade, uma coisa pra gente se divertir, matar a sede, matar a fome"
O primeiro registro nos jornais, que eu encontrei, sobre os “Artistas Reunidos” é de julho de 97, mas não em destaque, o nome aparecia no release do show do Simoninha em que estava escrito.
“Simoninha: O trabalho mais recente do músico, filho de Wilson Simonal, foi realizado junto com os irmãos Pedro Camargo Mariano e João Marcello Bôscoli. Além deles, Simoninha já fez parte da Banda do Zé Pretinho, de Jorge Ben Jor, como tecladista.
No Supremo ele faz show que integram o projeto Artistas Reunidos, desenvolvido também por Jairzinho, Daniel Carlomagno e João Batista” (Guia da Folha)
Recentemente assistindo a um documentário sobre o "Artistas Reunidos" essa temporada que Simoninha fez no Supremo em 97 em que ele convidou os amigos que o cercava para umas participações (Pedro Mariano, Jair Oliveira, Max de Castro entre outros), foi a "luz" para chegar ao Projeto.
Nessa época também, final de 97 começo de 98, João Marcelo, Simoninha, Pedro, Max, como já foi dito, andavam bem próximos; João já pensava em abrir sua gravadora, a Trama; Simoninha que tinha também proximidade com o Jair que havia retornado de Boston, da Berklee, junta Jair aos amigos e eles passam a se encontrar nas tardes de sábado para umas partidas de futebol na casa do Jairzão, todos solteiros.(não tenho muita certeza sobre a solteirice do João, acho que João já estava com Emanuela Carvalho) e, além deles ainda tinha o Daniel Carlomagno, e Luciana Mello, após essas partidas rolava as famosas jam sessions.
Juntando as matérias de jornais, foi assim, depois da temporada do Simoninha, e, por conta das jam sessions que rolava todas as tardes de sábado depois da partida de Futebol na casa do Jair Rodrigues, e por ser os times formados por pessoas que transpiravam música, isso não podia dar em outra coisa. Decidiram transformar essas “Jam sessions” entre amigos, em algo público, um “ensaio aberto”, aproveitando o talento de cada um.
Nesse documentário o Pedro e Daniel dizem que foi uma forma de eles se mostrarem, aparecerem, se aproximar do público, afinal, primeiro eles não tinham espaço na mídia, depois Pedro havia lançado seu cd que não vingou, Jair voltando ao Brasil queria retomar os trabalhos na música, Simoninha também estava lançando seu primeiro cd, Luciana, Max que é músico, que estava trabalhando junto com o Pedro tocando em sua banda, queria se lançar como produtor e artistas solo, Daniel Carlomagno queria o mesmo, dai juntos chamaram a atenção.
Simoninha disse que não havia uma casa, um espaço em que fosse natural as "Jam Sessions", com sua apresentação no Supremo é que perceberam que o Supremo poderia ser o espaço.
E foi assim que no segundo semestre 98 até o primeiro semestre de 99, por um ano, praticamente todas às segundas feiras, o Supremo se transformou no endereço da moçada que estava chegando no cenário musical brasileiro. A Oscar Freire, nº1000 (área nobre de Sampa), no final da década de 90 era reduto de uma galera animada e jovem, e para animá-los ainda mais: Jair Oliveira, Max de Castro, Daniel Carlomagno, Luciana Mello, Simoninha e Pedro Mariano.
Creio que tenha sido uma experiência incrível para eles, como também diz o Simoninha, esse momento foi um momento de aprendizado, de crescimento, onde eles, os artistas, tinham que trabalhar a vaidade, pois eram 6 artistas com talento, e cada um tinha seu momento de brilhar, e tinha que respeitar o momento do outro brilhar, então se alternavam nas apresentações. E além deles ainda tinham que dividir o espaço com os convidados, artistas conhecidos, ou emergentes, ou totalmente desconhecidos.
Jair fala nesse documentário que rolava umas brigas de vez em quando, por "n" motivos, e como diz o Jair, em banda já é normal as brigas, e eles não eram uma banda, eram 6 artistas.
O espaço do Supremo já não era grande e ficou mais pequeno ainda, mas antes, o Daniel nesse documentário lembrou que no começo, algumas vezes tocaram para a "família madeira", Pedro já citou essa brincadeira em algumas falas em seus shows, chamavam assim porque algumas vezes não tinha público , era só mesa e cadeira. Mas, foi por pouco tempo, pois não demorou as reservas bombaram e que provocaram eles a fazerem apresentação extra. Afinal, a capacidade da casa não era suficiente para todo o talento que estava no palco, e o próprio palco era pequeno para eles e os instrumentos. E, além deles e os instrumentos, ainda tinham os convidados, todas as noites...era mesmo um desfile de talentos.
Nesse documentário o Pedro e Daniel dizem que foi uma forma de eles se mostrarem, aparecerem, se aproximar do público, afinal, primeiro eles não tinham espaço na mídia, depois Pedro havia lançado seu cd que não vingou, Jair voltando ao Brasil queria retomar os trabalhos na música, Simoninha também estava lançando seu primeiro cd, Luciana, Max que é músico, que estava trabalhando junto com o Pedro tocando em sua banda, queria se lançar como produtor e artistas solo, Daniel Carlomagno queria o mesmo, dai juntos chamaram a atenção.
Simoninha disse que não havia uma casa, um espaço em que fosse natural as "Jam Sessions", com sua apresentação no Supremo é que perceberam que o Supremo poderia ser o espaço.
E foi assim que no segundo semestre 98 até o primeiro semestre de 99, por um ano, praticamente todas às segundas feiras, o Supremo se transformou no endereço da moçada que estava chegando no cenário musical brasileiro. A Oscar Freire, nº1000 (área nobre de Sampa), no final da década de 90 era reduto de uma galera animada e jovem, e para animá-los ainda mais: Jair Oliveira, Max de Castro, Daniel Carlomagno, Luciana Mello, Simoninha e Pedro Mariano.
Creio que tenha sido uma experiência incrível para eles, como também diz o Simoninha, esse momento foi um momento de aprendizado, de crescimento, onde eles, os artistas, tinham que trabalhar a vaidade, pois eram 6 artistas com talento, e cada um tinha seu momento de brilhar, e tinha que respeitar o momento do outro brilhar, então se alternavam nas apresentações. E além deles ainda tinham que dividir o espaço com os convidados, artistas conhecidos, ou emergentes, ou totalmente desconhecidos.
Jair fala nesse documentário que rolava umas brigas de vez em quando, por "n" motivos, e como diz o Jair, em banda já é normal as brigas, e eles não eram uma banda, eram 6 artistas.
O espaço do Supremo já não era grande e ficou mais pequeno ainda, mas antes, o Daniel nesse documentário lembrou que no começo, algumas vezes tocaram para a "família madeira", Pedro já citou essa brincadeira em algumas falas em seus shows, chamavam assim porque algumas vezes não tinha público , era só mesa e cadeira. Mas, foi por pouco tempo, pois não demorou as reservas bombaram e que provocaram eles a fazerem apresentação extra. Afinal, a capacidade da casa não era suficiente para todo o talento que estava no palco, e o próprio palco era pequeno para eles e os instrumentos. E, além deles e os instrumentos, ainda tinham os convidados, todas as noites...era mesmo um desfile de talentos.
Pedro Mariano, muitas vezes, ao lembrar desses momentos, diz não saber explicar como o pequeno palco do Supremo dava conta de abrigar eles, os instrumentos e os convidados...mas cabia.
A partir de junho de 1999 eles mudam de casa, vão para a região dos bares noturnos e da boemia de São Paulo, Vila Madalena. O novo endereço era a Rua Inácio Pereira da Rocha, 520, o bar? O Blen Blen.
A partir de junho de 1999 eles mudam de casa, vão para a região dos bares noturnos e da boemia de São Paulo, Vila Madalena. O novo endereço era a Rua Inácio Pereira da Rocha, 520, o bar? O Blen Blen.
Tirada na época das fotos de divulgação do CD Artistas
Reunidos.
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Em 99 eles são contratados pela Trama, e foi no Blen Blen, no dia 31 de agosto de 1999 que registraram o show em CD.
A ideia era registrar o Projeto. Segundo eles, não havia a intenção de seguir com uma turnê do Projeto, o que muitas pessoas, incluindo diretor da trama, por exemplo, ficou sem entender. Mas, uma coisa que todos eles sabiam que esse Projeto, tinha começo, meio e fim e em 99 havia chego o fim dele, todos estavam produzindo seus próprios discos, o que tornava difícil conciliar as coisas, e também já estava, segundo o Simoninha, rolando um desgaste.
Mas, conseguiram divulgar no Bem Brasil, chegaram a se apresentar com Artistas Reunidos nesse programa da TV Cultura para mais pessoas, não só para os frequentadores de casa noturna.
Em 2005 eles se reencontraram no Supremo, pois o Supremo estava fechando as portas, e foi uma forma de homenagear uma casa que foi o "point" deles. Parece que o Pedro infelizmente não participou desse, podemos dizer show do Reencontro. Porém, em 2011, Jair Oliveira comemorou 30 anos de carreira, e deixou registrado em DVD "Jair Oliveira 30", que foi gravado no dia 23 de julho de 2011. E nesse DVD existe um bloco dos Artistas Reunidos, os 6 amigos de 98/99 novamente juntos em um mesmo palco.
No palco sempre os 6 Artistas, Jair Oliveira, Max de Castro, Daniel Carlomagno, Simoninha, e seus instrumentos, Luciana Mello e Pedro Mariano. Além deles, ainda tinha Otávio de Moraes na bateria, Serginho Carvalho no baixo e Marcelo Maita nos teclados, quem também tocou no baixo antes do Serginho foi o Edu Martins.
Em Cuba para o Festival Benny Moré_1999 |
Jair Rodrigues, César Camargo Mariano, Djavan, Kiko Zambianchi, Banda de Taiko Japão, Patrícia Marx, Maria Rita, Bernardo Vilhena, Wally Salomão, Max Viana, Flavia Virginia, Zé Geraldo, Isaac Delgado Cuba, Tomate, Chico Pinheiro, Dimi Kireef, Bid, Paula Lima, Maria Fernanda Cândido, Netinho, Otto, Curumin, Patrícia Coelho, Claudio Zoli, Bukassa, Vicente Barreto, Bocato, Thiago Espírito Santo, Da Lua, Mattoli, Dj Tubarão, Reginaldo 16 toneladas.
É! Foi assim do quintal de Jair Rodrigues para as noites de Sampa, e também para Cuba (Festival Benny Moré), infelizmente, ainda não achei nenhum registro deles no Festival, apenas deles em Cuba. Fotógrafo pelo jeito foi o Max.
Documentário SOBRE ARTISTAS REUNIDOS https://vimeo.com/133861233
PRIMEIRA PARTE: http://pedromarianoavoz.blogspot.com.br/2014/04/biografia-comentada-e-nao-autorizada.html
SEGUNDA PARTE http://pedromarianoavoz.blogspot.com.br/2014/04/biografia-comentada-e-nao-autorizada_18.html
Documentário SOBRE ARTISTAS REUNIDOS https://vimeo.com/133861233
PRIMEIRA PARTE: http://pedromarianoavoz.blogspot.com.br/2014/04/biografia-comentada-e-nao-autorizada.html
SEGUNDA PARTE http://pedromarianoavoz.blogspot.com.br/2014/04/biografia-comentada-e-nao-autorizada_18.html
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