Por Reca Silva
Antes de começar a falar da minha paixão pela obra de Pedro Mariano, inicio falando de algo que veio antes de Pedro Mariano, não foi totalmente a responsável pelo amor que tenho a este rapaz, mas de alguma forma me influenciou muito...Primeiramente falo sobre a profissão que escolhi...
Muitos fãs do Pedro que me encontram em shows ou falam comigo pela internet me conhecem por Reca Silva, na verdade fui batizada em 81 como Renata Castilho, pois meu pai, embora já em união estável com minha mãe enfrentava um processo de divórcio de um casamento anterior, e isto fez que, de acordo com a lei daquela época, ele não pudesse me registrar... O processo foi encerrado e ganhei um novo registro, o Silva de meu pai foi anexado ao meu nome em 93, e passei a ser então Renata Castilho da Silva...Eu nunca tive nada contra meu nome, aliás sempre gostei dele, mas tinha algo em mim que desde a infância bateu forte, o gosto pela poesia, e claro a coragem de as vezes querer escrever algumas... E a vontade de um dia ser poeta de profissão fez com que eu pensasse... Na realidade sonhasse, com um possível nome artístico, e assim realizei a junção de um nome e sobrenome e me tornei “Reca Silva” a que vocês conhecem... E passei a assinar textos e poesias também assim. O amor pela poesia me levou a escolher o curso de Letras, do qual sou bacharel, e claro lecionar o meu amor pela poesia em escolas. O que faço com amor embora o mundo moderno traga imensas dificuldades.
Além da carreira de professora, a poesia me trouxe o amor a música, lembro de que , embora a Banda Bon Jovi fosse moda, somente passei a admirar suas músicas quando me debrucei para entender a poesia expressa nas letras de Jon Bon Jovi e me comover, e isto aconteceu com a música brasileira também, fiquei diferente de garotas da minha idade, fã de Chico Buarque de Holanda, mas acho que o climax pelo contato com a poesia aconteceu realmente quando ouvi atrás da porta com a Elis Regina, não me lembro como, sei que no dia eu chorei porque entendi melhor ainda o sofrimento expresso na letra escrita pelo Chico, e isto se deu porque a voz da Elis me fez entender a dor daquele “eu feminino” descrito pelo Chico, e então passei a ser fã de pessoas que sabiam como apresentar a poesia de forma intensa usando o corpo e voz, ou seja, reais interpretes... Além da Elis, isto aconteceu com o Milton Nascimento, Flávio Venturini, Cazuza entre muitos...
Foi então que conheci o Pedro Mariano, o primeiro contato com ele não foi muito efetivo, apenas me trouxe curiosidade, eu liguei a TV no programa Raul Gil para ouvir seus calouros... Numa época realmente frutífera onde sempre torcia pelo André Leono, e eis que o Pedro aparece no programa cantando “Pode ser”, achei a voz interessante e perguntei para minha sobrinha se ela sabia quem era e ela: “É o Pedro Mariano, filho da Elis Regina. Meu pai é fanzão dele”. Aquilo me fez lembrar que ouvia uma musica ou outra na rádio daquele rapaz, mas sem muita atenção... Acho que o fato de saber que a Elis tinha um filho cantor me deixou curiosa mesmo, mas confesso, não fui a fundo pesquisar o rapaz, porque acreditava que a Elis não estava mais entre nós... Não merecia ser ressuscitada, e sim continuar eternizada como era em suas canções que tanto me emocionava, então deixei de lado, o que foi um ato injusto, poderia ter conhecido melhor aquele talento e bem antes...
Em 2002 eu tive um momento muito difícil em minha vida, primeira decepção oficial amorosa e claro, tentando ainda me concentrar para a Fuvest, mas não conseguia, decidi ir passear no shopping para espairecer, eis que andando sem destino ouço na rádio que era transmitida pelo shopping uma voz que acabou comigo literalmente, desiludida com o amor ouço : “De repente, a gente sente, que já não sente o que já sentiu...” Foi um golpe de misericórdia para mim, eu notei que aquilo tudo que aquela voz passava era o que estava sentindo... Fui embora com aquela canção na cabeça, falei desta música para meu primo Fernando Castilho e ele falou : “Poxa Rê... Este é o Pedro Mariano, eu já falei dele para você... O cara é muito bom”, meu primo, que sempre compartilhou comigo o amor pela MPB logo copiou o cd e me fez ouvir com atenção...Cheguei em casa e faixa por faixa me matando, e tudo músicas que acabavam comigo e demonstravam o momento que eu vivia : “Que pena que o amor se acaba.../Que pena que a luz se apaga, “Você vai ver, você vai implorar e me pedir para voltar...”, “Se é por amar que a gente briga...” , “Estive tantas vezes, procurando sem saber... Se havia algo errado...” . Assim fui ouvindo o Intuição, e chorava, chorava, aquilo tudo que eu não tinha chorado naqueles meses e que aquela voz que falava tudo que eu sentia, com aquela emoção toda, me fazia desabafar.
Procurei em seguida meu cunhado, que adorava o Pedro, e ele me emprestou o cd anterior, voz no ouvido, que também fiz questão de ter, o repertório e a emoção contida naquele álbum era tão rico quanto o do “Intuição” e assim pude dizer, era fã do Pedro Mariano.
E cada “cd” que era lançado, a paixão era maior e contava partes da minha vida que nem eu mesma conhecia, como a interpretação que ele fizera de “Acaso”, que até hoje me faz parar com os surtos “marianos” e me fazer chorar nos shows...Caso sério, deixar você ir... Além de me fazer amar canções que eu já conhecia mas que não me chamavam atenção para a poesia, até que uma voz dilacerante me fizesse entendê-la “Quero encostar no teu peito, e se isto for algum defeito, por mim tudo bem...”
O DVD ao vivo passa a ser visto por regra aqui em casa toda semana, e o amor cada dia mais aumentando, em 2007, após as avalanches de emoções que músicas como “Poder, Risos e memórias”, e principalmente “Intacto” me trouxeram... O Jair fez sobre a forma que ele tem de preservar o amor dele...Mas caiu como uma luva para mim “As vezes o silêncio tapa os buracos, o amor prossegue intacto” … Engraçado que eu já tinha a ouvido com o Jair, e nenhuma vez antes disto com o pai da canção eu havia entendido a mensagem, e a voz do Pedro me mostrou tudo... Nesta época eu comecei a assistir o Pedro ao vivo, eu tinha que ve-lo ao vivo depois de tantas emoções passadas por estúdios, já que tinha acesso a agenda dele pela net, e tive o prazer te ver o primeiro show dele com a presença do Cesar Camargo Mariano no piano. E foi então que o que eu não esperava aconteceu... O amor aumentou... A cada show torna-se um transe mesmo...Sem explicação. Pedro conseguiu exaltar não apenas o Samuel Rosa,o roqueiro, mas mostrar que ele também era um maravilhoso poeta com “Simplesmente”. E assim foram canções e canções me transformando durante estes anos e poetas sendo conhecidos.
Este ano de 2012 foi bem lucrativo, pois por causa do Pedro, conheci melhor os grandes poetas reverenciados por ele, tornei me ainda mais fã do Jair Oliveira após conhecê-lo pessoalmente, (ele não era mais o meu Jairzinho do balão mágico), sendo levada pela Camila Maria conheci os meninos do 5 a Seco e fiquei maravilhada, não apenas com o Tô Brandileone que fez a música eleita por mim como a do ano “Pra você dar o nome” , e os Pedros Viáforas e Altério, que já trabalharam com o Pedro, mas também outros poetas ligados a banda como Vinicius Calderoni e Léo Bianchini. E neste último show pude me emocionar conhecendo melhor um grande compositor como o Edu Tedeschi, que mostrou-me uma sensibilidade humana e poética que me deixou chocada. Não conheci pessoalmente, mas a voz do Pedro me fez admirar também pessoas como o Daniel Carlomagno e Claudio Lins, que para mim era apenas ator, e graças ao Pedro, para mim agora é um grande músico... E analisando tudo isto, entendendo porque sou fã do Pedro, ele não só canta trilhas sonoras da minha vida, mas colabora e muito para meu desenvolvimento cultural e literário me trazendo estas maravilhas poéticas que são melhores destrinchadas pela sua voz maravilhosa e pela interpretação única que só ele as dá.
Pensando em tudo isto lembrei de algo,não comparando mas, a Elis foi responsável por grandes compositores que agora adoro: Edu Lobo, João Bosco, Ivan Lins , Dolores Duran... Lembro até de uma aula de história no cursinho em 2001 que o professor citou “Mestre Salas dos Mares” e eu falei: Esta eu conheço com a Elis Regina, e meu professor sorridente falou: “A Elis Regina e a maior ladra de música que eu conheço, não que ela roube de ninguém, é que quando a música é cantada por ela ninguém quer mais saber quem cantou depois...” Naquela época minha imaturidade me fez concordar, embora tivesse algum nexo no que aquele professor dizia, entendi as coisas com tempo de forma mais natural, eu conheci estes caras por causa da Elis, e ela não roubou nada, nem a interpretação deles para as próprias obras, apenas mostrou com criatividade as coisas boas que lá existiam e me fez amar estes caras... E o Pedro tem feito algo diferente? Senhor Mariano, tenho que lhe dizer hoje, você sempre fala que se sente responsável pelo belo legado deixado, e tem feito tudo com exito, e sei que sem pretensão disto, e as vezes acho que sem notar... Digo, a Elis não foi ressuscitada, mas sinto que a sua missão está sendo continuada por você... Obrigada por estar sendo neste momento o cara que mais apresenta gente nova e talentosa, obrigada por dividir este seu imenso brilho para tantos que também merecem e que graças a você está conseguindo seu papel ao sol...
È nestas horas que entendo porque te sigo...
Reca Silva
Podem acreditar é ele ali na foto acima a esquerda dando tchau, a da direita é pós show no Boa Vista Shopping 05/06/2005 foto da Selma e essa a esquerda é pós show Anália Franco 17/08/2003 (o rapaz realmente gosta de azul) foto Luana Fedato.
